Passada as eleições na Região Metropolitana do Cariri, o protagonismo dos candidatos que prevalecia nas rodas de conversas deu lugar ao aumento do preço do café, e a busca por promoções nas grandes redes de atacado.
No mercado global de grãos de café o Brasil é responsável por 39,7% da produção, mas não significa que temos café bom e barato a disposição nas prateleiras. O café é um commodity (mercadoria) que gradativamente tem o preço reajustado devido as consequências internas e externas que impactam a produção, e consequentemente a oferta no mercado nacional e internacional.
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro a agosto de 2024 o café acumulou aumento de 20,10% afetando duramente os consumidores e os empreendedores no ramo da torrefação e cafeterias.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) há duas explicações para o aumento de preço. A primeira é o fator climático (queimadas e estiagem) que prejudicam a produção. A segunda é o fator externo, o Vietnã (grande produtor de café) sofreu com a baixa produtividade, e para suprir a demanda de mercado investiu alto para adquirir o grão de café brasileiro.
Diante deste cenário, os produtores nacionais optaram por vender seus grãos em dólar - já que o câmbio é favorável - em detrimento a abastecer o mercado interno. Se analisarmos pela perspectiva do bom negócio, os produtores lucraram! Porém contribuíram para o desequilíbrio entre a demanda e a oferta do café internamente.
Por outro lado, a nossa perspectiva (consumidores) é de que os preços das múltiplas marcas de café sofreram o efeito dominó, ou seja, se o preço de 250g do café mais acessível variava entre R$ 6,00 e R$ 8,00 reais, atualmente o preço chegou a R$ 10,00. É importante frisar que as marcas de café (clássico) ofertadas nos atacadões caririenses são vendidas a R$ 12,00 reais o pacote de 250g.
É cabível de registro que os assalariados e as famílias beneficiadas com os programas sociais não conseguem ajustar suas rendas com as variações de preços da cesta básica mensal. A questão não pode ser resumida apenas ao preço do café, há uma redução do poder de compra da moeda (REAL) que impacta todo o setor alimentício.