Evandro Leitão, que migrou do PDT para o PT, após disputas internas, contou com o apoio da classe artística, dos movimentos sociais e de figuras políticas influentes no Ceará para virar as eleições e, mesmo com um resultado apertado nas urnas, foi o nome escolhido para assumir a Prefeitura pelos próximos quatro anos.
Essa vitória pode ser vista como a combinação de dois fatores: reafirmação do alinhamento da cidade com pautas mais progressistas e de centro-esquerda, algo que já vinha se desenhando nas últimas eleições, inclusive na vitória anterior do prefeito José Sarto (PDT), seu ex-companheiro de partido; e o antibolsonarismo.
Fortaleza demonstrou estar dividida, com uma campanha marcada pela agressividade e polarização entre Leitão, representante de uma visão mais social ligada ao PT, e André Fernandes, do PL, que representava um campo conservador associado ao bolsonarismo. O embate entre esses dois projetos ideológicos, com embates mais tensos que produtivos, reflete a divisão que ocorre em outras regiões do Brasil.
No plano de governo registrado junto ao TSE, Evandro Leitão priorizou pautas como educação básica, saúde pública e empreendedorismo feminino, o que evidencia a coincidência entre a estratégia de campanha e a linha ideológica do partido. Sua vitória representa a continuidade de um grupo político que domina a política de Fortaleza há vários anos. Leitão, alinhado ao grupo de Cid Gomes e Camilo Santana, traz consigo uma linha de governança que, para muitos, já está desgastada e precisa de renovação.
A vitória de Leitão indica que o eleitorado de Fortaleza, mesmo diante da polarização, preferiu manter uma trajetória de políticas institucionais mais alinhadas com a esquerda moderada, com a presença de figuras já estabelecidas no cenário político cearense?, além de espelhar a prevalência do antibolsonarismo na capital. Agora, é torcer para que a gestão municipal consiga trabalhar de maneira eficiente e inclusiva, administrando a cidade não apenas para seus apoiadores, mas para a coletividade. n