Há menos de uma semana da eleição presidencial americana, a sensação que paira sobre os ares ianques é a de incógnita. No entanto, esta sensação não é um sentimento novo nesta corrida eleitoral que começou com uma disputa movimentada pelas dúvidas sobre a capacidade mental e física de Joe Biden. Tais questionamentos levaram o presidente Joe Biden a abdicar da corrida presidencial em favor de vice-presidente, Kamala Harris, que ocupou o posto de candidata democrata.
Em uma eleição polarizada, a nova candidata conquistou apoio entre minorias e mulheres. As primeiras pesquisas envolvendo Harris e o candidato republicano, Donald Trump, mostraram uma vantagem no voto popular para a democrata que mostrava um vigor físico e retórica liberal potentes. No entanto, a eleição americana é indireta, dependente do Colégio Eleitoral. E nas pesquisas para o Colégio Eleitoral, onde poucos estados (chamados de swing states) tendem a decidir a eleição, o cenário sempre foi de empate com leve margem positiva para Trump.
Trump, mesmo em meio a processos legais envolvendo o caso da invasão do Capitólio, manteve uma sólida base em diversas regiões do país. Radicalizada, ela foi fundamental para mantê-lo forte em vários estados e, com isso, o candidato republicano escolheu o ataque como estratégia. Apostando na vinculação de Harris à Biden, Donald Trump se mostrou eficiente em conectar à candidata aos erros do atual presidente. Mesmo a economia americana, que não está em crise, foi fortemente criticada e parte da população americana parece concordar com o ex-presidente.
Assim, os últimos meses foram de uma recuperação para Donald Trump que pode ter sido interrompida na última semana, quando uma piada xenofóbica feita em um comício de Trump ofendeu latinos, que compõem 36 milhões de eleitores americanos. Agora, ambas as campanhas correm contra o tempo para explorar esse fato, com Harris se solidarizando com os latinos e Trump procurando afastar sua campanha do fatídico comediante.
Em uma eleição tão apertada, pequenos detalhes fazem a diferença e este pode ter sido fatal. No entanto, a maior lição dessa eleição americana é que o escolhido presidente precisará encarar um país que continua dividido e repleto de dúvidas.