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Leandro Vasques: Feliciano de Carvalho, o exemplo que fica
Opinião

Leandro Vasques: Feliciano de Carvalho, o exemplo que fica

Dr. Feliciano ostentava uma visão polivalente do Direito, dominando com maestria os demais ramos, além de ser poliglota. Em nossos encontros, contava saudosas histórias de meu avô, Santiago Vasques, poeta e magistrado
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Leandro Vasques

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O escritor Ivan Teorilang afirmou que "nem sempre é o pai rico que deixa a maior herança." e nosso homenageado deixa a maior delas: o exemplo.

Somo-me à legião de admiradores que lamentam a passagem ao horizonte eterno do virtuoso Dr. Feliciano de Carvalho. Conheci-o em decorrência da elegante amizade dele com o meu saudoso mestre e destacado criminalista Dr. Clayton Marinho, e, juntos, tivemos a oportunidade de atuar em algumas demandas, especialmente quando a sua trincheira era sediada na Av. Dom Manuel, do centro da nossa capital. Mesmo sendo um civilista de renomada Dr. Feliciano ostentava uma visão polivalente do Direito, dominando com maestria os demais ramos, além de ser poliglota. Em nossos encontros, ele contava saudosas histórias de meu avô, Santiago Vasques, poeta e magistrado, e sempre exclamava: "Meu jovem, seu avô foi um grande parnasiano!"

Sua partida deixa uma lacuna insubstituível e uma marca indelével na história da advocacia, não apenas por seu papel como austero e irrepreensível presidente da OAB entre 1993 e 1995, mas também por ter emprestado seu tempo à condução da Secretaria de Segurança Pública do Ceará - como primeiro civil a fazê-lo - no sensível período da redemocratização, governo Gonzaga Mota, no crepúsculo da década de 80.

Dr. Feliciano permanece como um ícone no cenário jurídico alencarino e além fronteiras, personificando ética e decência profissional, atributos cada vez mais rarefeitos em nosso meio.

"O liame que liga o Homem a Deus é o trabalho", assim proclamava o mestre Feliciano. De uma geração de grandes vultos da advocacia cearense, Feliciano é honrosamente ladeado por nomes de envergadura moral e intelectual do quilate de Ernando Uchôa Lima, Clayton Marinho, Vasco Damasceno Weyne, Hugo de Brito Machado, Evaldo Ponte, Roberto Martins Rodrigues, Pádua Barroso, Wellington Leitão, Luís Cruz de Vasconcelos, Wanda Sidou, Auri Moura Costa e tantos outros(as), todos estrelas inolvidáveis da constelação das últimas décadas do século XX.

Sempre busquei me inspirar no talento de alguns veteranos operadores do Direito, afinal, existem muitos marceneiros, mas pouca gente plantando árvores e Feliciano plantou muitas....minha gratidão a ele e minha solidariedade à família.

 

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