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Paulo Barbosa: Eleições e volatilidade da economia
Opinião

Paulo Barbosa: Eleições e volatilidade da economia

Em 2022, com a polarização política entre Bolsonaro e Lula, a incerteza voltou a ser um fator relevante. No início do ano, a Selic estava em 9,25% e foi elevada para 13,75% no período eleitoral. Em 2024, mesmo com eleições apenas em nível municipal, o que se ver é uma nova alta nos juros
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Paulo Barbosa. Economista. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Paulo Barbosa. Economista.

O impacto das eleições na economia brasileira, especialmente na definição da taxa de juros (Selic), é um tema que envolve fatores de incerteza e expectativas dos agentes econômicos. Quase que naturalmente, quando nos encontramos em um contexto eleitoral, a política monetária que é exercida atualmente de forma independente pelo Banco Central tende a ser influenciada pela volatilidade gerada durante esse processo político.

Cabe ressaltar que a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central. Mudanças nessa taxa têm implicações diretas no crescimento econômico e na atratividade de investimentos no país. Há várias críticas a esse modelo ortodoxo de política monetária, a ver autores como Araújo, Modenesi, André Campedelli e Antônio Lacerda.

Se observarmos os últimos 22 anos, desde as eleições presidenciais de 2002, o comportamento da taxa Selic reflete tanto a situação econômica pré-eleitoral quanto a percepção do mercado sobre o resultado das eleições. Nas eleições de 2002, o mercado financeiro reagiu com alta volatilidade devido à incerteza quanto ao novo governo, este que seria a primeira vez que o Brasil seria comandado pelo Partido do Trabalhadores. A Selic, que estava em 18% ao ano em janeiro, foi elevada para 25% em outubro. Em 2022, com a polarização entre Bolsonaro e Lula, a incerteza voltou a ser um fator relevante. No início do ano, a Selic estava em 9,25% e foi elevada para 13,75% no período eleitoral. Em 2024, mesmo com eleições apenas em nível municipal, o que se ver é uma nova alta nos juros.

Nesse sentido observa-se que mudanças na percepção de risco político influenciam diretamente as expectativas do mercado. O Banco Central reage por meio da taxa de juros, trazendo impactos negativos ao crescimento econômico. Difícil é trazer essa percepção por exemplo a um cenário municipal, por mais paradoxal que possa ser, essa dinâmica macroeconômica acaba por trazer impactos negativos na economia, mesmo não havendo quaisquer aspectos técnicos, que não somente expectativas para justificar tal ação, e pelo que se observa não há qualquer sinal de mudança a vista sobre esse comportamento de mercado. n

 

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