A eleição municipal em Fortaleza balançou a política brasileira. O segundo turno, com André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT), fez história como a disputa eleitoral mais acirrada de 2024. Com os olhares do Brasil para nossa capital, houveram diversas análises sobre o cenário político brasileiro, mobilizando famosos de variados segmentos para influenciar nas votações do dia 27 de outubro.
A eleição trouxe à tona o avanço do bolsonarismo e da extrema direita no Nordeste, reconhecido pela força política do PT. Os brasileiros acompanhavam para saber quem teria mais força: esquerda ou direita? Lula ou Bolsonaro? Santana ou Ferreira Gomes?
O mais interessante foi a esquerda, que se afirma representante das bases, se deparar com resultados alarmantes do 1º turno: André ganhou em todas as periferias de Fortaleza. Não esperava outro resultado, há anos existem críticas feitas por movimentos negros, de juventudes e lgbtqiapn às estratégias políticas da esquerda e os partidos. Assustada, a esquerda cearense mudou as estratégias, aderindo o que sempre pontuamos: a periferia é o centro.
Léo Suricate, comunicador, dominou as redes sociais com humor e conscientização acessível. Nossos corpos e movimentos culturais tomaram conta das ruas, mostrando como a rede que construímos, independente de esquerda ou direita, tem a força política e o saber ancestral que fala com o povo.
O PT venceu as eleições, mas não sozinho. Não se faz política só em gabinete ou com oligarquias. É preciso coragem para renovar, mas antes, a esquerda branca precisa reconhecer suas falhas e limites. A periferia votou em André por falta de identificação com os outros candidatos. Fortaleza pede renovação Lilica Santos política, menos homens e mulheres brancos de famílias ricas, mais jovens, negros, gente que toca as pessoas.
E para nós, negros e periféricos, deixo a reflexão: qual será o comprometimento e as mudanças reais da próxima gestão? Qual política de igualdade racial teremos? Qual lugar ocuparemos? É preciso fazer o enfrentamento direto ao racismo na política, enegrecer os parlamentos. Nós somos a chave para recuperar a confiança do povo. Nós somos o caminho para combater um futuro que se mostra próximo e sombrio. Não podemos aceitar o lugar de agitação, pois nossos saberes decidiram as disputas que marcou o Brasil.