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Fabiano Alves de Morais: Autismo, lutar para conquistar
Opinião

Fabiano Alves de Morais: Autismo, lutar para conquistar

Nós, pessoas autistas, até então, não temos nossos direitos reconhecidos pelo Estado, nossa voz não é escutada devidamente como sujeitos políticos plenos de direitos. A ideia é convidar a sociedade civil e outros setores ao diálogo
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Fabiano Alves de Morais. Autista, professor efetivo da Rede Municipal de Fortaleza (PMF), licenciado em filósofo e pedagogia (Uece), psicopedagogo, mestre em Educação (UFC) e ativista dos direitos dos autistas e PCDs.  (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Fabiano Alves de Morais. Autista, professor efetivo da Rede Municipal de Fortaleza (PMF), licenciado em filósofo e pedagogia (Uece), psicopedagogo, mestre em Educação (UFC) e ativista dos direitos dos autistas e PCDs.

Em 2007, a ONU declarou o dia 2 de abril como Dia Mundial da Conscientização do Autismo, quando os meios de comunicação anunciam ao mundo que conhecer o autismo é fundamental para despertar o debate em torno da questão. Ainda hoje, as múltiplas identidades dos autistas são ignoradas, assim como de outros grupos que são marginalizados socialmente.

Em 2024, a Campanha Mundial de Conscientização Sobre Autismo aborda um tema central para o debate:" Valorize as capacidades respeite os limites". A ideia é convidar a sociedade civil e outros setores ao diálogo, para que juntos possamos construir um mundo mais acessível. Nós, pessoas autistas, até então, não temos nossos direitos reconhecidos pelo Estado, nossa voz não é escutada devidamente como sujeitos políticos plenos de direitos.

Os temas de campanhas anteriores, como: "Lugar de Autista é em todo Lugar", "Mais informação, Menos Preconceito", até então, não se tornou realidade. Acreditamos que esses temas tão bem elaborados tenham causado alguns efeitos positivos. Contudo, nossas capacidades ainda são despercebidas e nossos limites ignorados, por puro capacitismo.

Todavia, "nenhuma pessoa é apta a tudo". Estamos convencidos de que não se pode avaliar as capacidades de pessoas autistas numa sociedade estruturada pelo sistema capitalista. Vale ressaltar que temos autistas com bastante "comprometimento" e que têm habilidades especiais. Mas é preciso entender que somos capazes de realizar atividades cotidianas, desde que tenhamos o apoio necessário, que supram as necessidades das mais de 5 milhões de pessoas autistas existentes no Brasil atualmente, segundo o IBGE (2023).

É importante reconhecer, pois, a capacidade e o limite dos autistas no seu contexto social. Nós, indivíduos autistas, na maioria das vezes, somos excluídos do mercado de trabalho, da participação pública e de processos decisórios "democráticos", mesmo quando tais decisões são de nosso interesse ou impactam diretamente sobre nossas vidas. Portanto, é preciso que tenhamos tais representatividades, para que sejamos respeitados de acordo com nossas capacidades e limites.

 

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