Qual a diferença entre o Partido dos Trabalhadores e os demais partidos políticos? Para grande parte do povo brasileiro, quase não há diferença. Verificando as últimas eleições, pode-se perceber que nenhum partido foi capaz de entender e traduzir um sonho de futuro melhor para a sociedade. Aliás, todos aqueles com histórico de abuso de poder e corrupção passaram pouquíssima credibilidade para a população.
A maioria dos candidatos a prefeitos e a vereadores não apresentou pautas atentas ao meio ambiente, discutindo a degradação das florestas pelas queimadas e as enchentes violentas em razão desse desmatamento. Até parece que vivemos num paraíso. É tão difícil relacionar a defesa da natureza ao bem-estar das pessoas menos favorecidas? A disputa era demonstrar qual o candidato mais assistencialista, ou seja, aquele que fez mais campos de futebol, poços profundos, estradas, passagens molhadas, enfim, obras sem condições de mudar efetivamente o perfil de vida das comunidades.
O estranho é que quase todos se esforçaram na defesa do liberalismo social, inclusive muitos candidatos do Partido dos Trabalhadores. Mas o PT não costumava defender a social-democracia? Sim, mas no momento deu uma recuada e preferiu ser visto pelo eleitor como um partido que não responsabiliza o capitalismo pelos descalabros econômicos, sociais e ambientais. A exceção fica por conta de alguns partidos políticos ainda nanicos da esquerda, que não temeram a onda da extrema direita, sustentada pelas mentiras.
Há muito tempo o PT vem se afastando dos movimentos sociais e visitando os bairros somente em épocas de eleição. Aqueles que controlam os diretórios municipais e estaduais viraram burocratas como os antigos chefes políticos dos tempos de coronéis. Esses dirigentes indicam os candidatos a prefeitos - muitas vezes, eles próprios com apoio dos deputados - e a vereadores sem consultar as comunidades. Não promovem debates sobre os problemas da cidade e, muito menos, cursos de formação em ciência política.
Se esses diretórios não fossem tão ausentes da luta cotidiana do povo, eles serviriam para enfrentar a extrema direita infiltrada nas igrejas evangélicas, que se proliferam pelos bairros. Com a eternização desses dirigentes, não nascem novas lideranças e, a curto e médio prazo, o PT vem se desmilinguindo. Esqueceram o sonho do socialismo possível. Aliás, não se escuta sequer um militante petista mencionar o socialismo.