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Rômulo Alexandre Soares: Transição energética justa e inclusiva para quem não acredita que existe um Planeta B
Opinião

Rômulo Alexandre Soares: Transição energética justa e inclusiva para quem não acredita que existe um Planeta B

A discussão sobre uma transição energética justa e inclusiva reflete a necessidade de um esforço coordenado entre nações, empresas e comunidades. Além disso, deve ser financeiramente viável, especialmente para países em desenvolvimento
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Rômulo Alexandre Soares

Romulo Alexandre Soares, advogado, mestre em Negócios Internacionais e especialista em Direito do Mar. É sócio da áre...

Parece óbvio, mas não existe um Planeta B, pelo menos para a maioria da população da Terra que não terá um ticket numa nave espacial para levá-la para Zion ou qualquer outro paraíso habitável do universo se este nosso globo azul aquecer demais.

A crise climática e seus efeitos são inequívocos (não importa se somos nós os grandes agentes da mudança ou fatos puramente naturais, como alguns defendem) e é urgente que enfrentemos os desafios com coragem e baseados na ciência, um idioma de poucas verdades absolutas, mas muitas hipóteses a serem testadas nesse diálogo de visões de mundo. Não podemos varrer as divergências para debaixo do tapete; elas devem ser tratadas com transparência para uma transição energética necessária, justa e inclusiva.

O World Summit on Energy Transition (WSoET), que será realizado no Ceará nos próximos dias 28 e 29 de novembro no Centro de Eventos, reflete esse ponto de partida. Aliás, o mesmo que guiou a recente reunião do G20, com o apoio do Pacto Global para Transição Energética Justa e Inclusiva, trazendo um marco histórico ao formalizar princípios que guiarão os esforços globais. Entre eles estão a erradicação da pobreza energética, o diálogo social e a promoção de soluções tecnológicas acessíveis. Esses princípios alinham-se ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (ODS7), que visa garantir energia limpa, acessível e moderna para todos até 2030.

O Brasil, com sua matriz energética predominantemente renovável, encontra-se em posição privilegiada, mas enfrenta desafios significativos. A transição exige políticas públicas que assegurem justiça social, proteção aos mais vulneráveis e a criação de empregos de qualidade. No contexto nacional, o Ceará tem despontado como um exemplo de resiliência e inovação na transição energética.

A instalação de parques eólicos e solares e a proposta de criação de um hub de hidrogênio verde reforçam a ambição do estado em se tornar um cluster global de energia limpa. Contudo, como será discutido no WSoET por um seleto grupo de stakeholders que vem de mais de 20 países espalhados em quaro continentes, as estruturas sociais, econômicas e de governança precisam evoluir para sustentar essa posição e garantir que os benefícios da transição sejam amplamente distribuídos.

A discussão sobre uma transição energética justa e inclusiva reflete a necessidade de um esforço coordenado entre nações, empresas e comunidades. Além disso, ela deve ser financeiramente viável, especialmente para os países em desenvolvimento – e no Brasil para estados onde existe uma maior vulnerabilidade social - garantindo que ninguém seja deixado para trás.

A transição energética não é uma responsabilidade isolada de governos ou empresas; ela exige um esforço coletivo, onde cada indivíduo, organização e comunidade desempenha um papel crucial. O futuro que queremos depende das escolhas que fazemos hoje, sejam elas na forma como consumimos energia, nos projetos que apoiamos ou nas políticas que defendemos.

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