Será que um dia a máquina terá emoções, sentimentos... dará chiliques? Yuval Harari, autor da trilogia Sapiens e do recente Nexus, considera esse papo hype uma "conversa de Trancoso". O perigo real, segundo Harari, está no "bizu" que estamos passando à máquina: a nossa linguagem. Este be-a-bá da semiótica humana, quase divino, arrochado na cangalha da IA "quântica", poderá um dia, sem nossa permissão, sair por aí disparando foguetes (eita!), desmantelando o sistema econômico (vixe!), exterminando o cidadão que cospe no chão (ave!) etc.
Este alvoroço ficou mais redbullizado com a chegada da IA Generativa e sua arquitetura Transformer, o "cromossomo" dos Grandes Modelos de Linguagem (LLMs) desenvolvido pela Google em 2017, tipo o ChatGPT. Esta nova IA permite à máquina "entender" a semântica das perguntas que fazemos a ela, e embiocar respostas que soam caetanamente humanas. E pensar que ela realiza isso com base nas estatísticas "holísticas" de Geoffrey Hinton, Nobel de Física 2024, que sintetizam conhecimentos do saber humano analógico espalhado na internet e arquivos digitais, à moda um "Sheldon Cooper no plasma de Odorico Paraguaçu" (ôxe!).
Bufo! Digitou e lá se vem a "opinião de milhares de humanos". Não se via isso em escala nem mesmo na IA cognitiva do Watson da IBM, capaz de terraquices como identificação facial e vocal dos Marcolas (comandando o caos em segurança máxima), das marmotas preditivas nas bets que descaradamente, com o desdém oficial, empobrecem "esperançosamente" os filhos de Chico de Assis, etc.
Isso arriba, qual será o impacto da IA Generativa no mundo do trabalho? Certos "incautos" que leem pouco e de tudo sabem dizem que "tuuuudo" se ajustará, como na revolução industrial (hummm). Infelizmente, não é verdade! Essa visão é um desserviço ao futuro ao eximir lideranças de discutirem oportunidades e ameaças, como a "pandemia de desemprego e desigualdade social" a caminho, diz Kai-Fu Lee, ex-presidente da Google chinesa.
Projeções do Fórum Econômico Mundial (2020) indicam que a IA pode substituir até 85 milhões de empregos até 2025. O FMI estimou que até 40% dos empregos globais serão impactados pela IA. Sem uma discussão responsável e urgente, teremos um futuro em que tudo pode ter mudado sem nosso controle.
E quando marcianos perguntarem como tudo isso aconteceu, basta chamar Chicó de Suassuna: "Sei não. Só sei que foi assim!"