A avalanche de provas chegou a tal ponto que Jair Bolsonaro e seus sequazes não negam mais que um golpe de Estado era planejado dentro do Palácio do Planalto, enquanto ele ainda exercia a Presidência da República.
Sem contar que sua atuação política constitui uma longa escalada de apologia à ditadura militar de 1964 e de preparação para a instalação de um governo autocrático no Brasil.
Os integrantes da "organização criminosa" (créditos para a Polícia Federal) e seus aliados passaram a papagaiar a tese de que cogitar matar alguém não constitui crime, na tentativa de equiparar planejamento de atentados a uma conversa de botequim. Agora, os mais fiéis áulicos querem, pelo menos, livrar a cara do chefe.
Primeiro, há controvérsias de que não tenha havido nenhum movimento para "eliminar" o presidente Lula, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo, a PF não indiciou a turma por tentativa de homicídio, e sim por atentar contra a democracia.
Na entrevista, sem cercadinho, que concedeu no aeroporto de Brasília, Bolsonaro disse que nunca havia debatido a possibilidade de um golpe "com ninguém". Mas admitiu que, dentro das "quatro linhas" da Constituição, ele havia estudado "todas as medidas possíveis".
O problema para Bolsonaro é que no centro dessas imaginárias linhas, na dissonância cognitiva golpista, está o artigo 142 da Constituição. Eles pretendiam torturar o 142 até ele confessar que dispunha de autoridade para acionar a intervenção das Forças Armadas como "poder moderador", acima do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, os três poderes inscritos na Constituição. A tentativa falhou.
Naquele turbulento dezembro de 2022, várias "minutas de golpe" circularam entre os traidores da pátria que queriam minar a democracia.
Além da interpretação fantasiosa de artigo constitucional, outros documentos golpistas percorreram os salões palacianos. Soprava-se inclusive a ideia de instalar um estado de sítio, para impedir a posse de Lula, algoz de Bolsonaro nas eleições, derrota com a qual ele nunca se conformou. n