Nos últimos anos, um fenômeno vem alterando de forma visível a paisagem urbana: o crescimento desordenado de fios e cabos aéreos nas cidades brasileiras. O que no passado era restrito à presença de fios de eletricidade e telefonia, agora inclui cabos de internet, TV a cabo e outros serviços, gerando um emaranhado que transforma as cidades em verdadeiras "selvas de fios", com impacto negativo tanto no visual quanto na qualidade de vida dos moradores.
Esse cenário vai além de uma questão estética. A ausência de regulação e fiscalização eficazes, aliada ao custo elevado de remoção dos cabos, fez com que muitas empresas deixassem fios desativados, gerando uma poluição visual que se agrava a cada ano. A imagem de postes cobertos por fios caídos e entrelaçados é, hoje, um reflexo da falta de organização, planejamento urbano e fiscalização adequada, além de simbolizar um problema ambiental e social que afeta o cotidiano e a saúde das cidades.
A presença desses fios, além de prejudicar a estética urbana, também impacta o meio ambiente e a infraestrutura verde das cidades. As árvores, que deveriam contribuir para a qualidade do ar, para o conforto térmico e para a paisagem urbana, são muitas vezes podadas de forma inadequada, e até derrubadas, para dar espaço à fiação aérea. Esse conflito entre árvores e cabos aéreos contribui para o aumento das temperaturas urbanas, já que a perda de cobertura verde reduz a sombra e a umidade gerada pela vegetação, fatores fundamentais para a manutenção de um clima mais ameno.
Embora se saiba dos elevados custos, é necessário que gestores e órgãos reguladores comecem a considerar alternativas de longo prazo, incluindo o incentivo a políticas de subterramento e a regulamentação mais rigorosa para a instalação e remoção de cabos obsoletos.
É urgente que as prefeituras municipais tomem medidas para reorganizar e revitalizar a paisagem urbana. Uma cidade livre do emaranhado de fios, com árvores preservadas e áreas verdes valorizadas, não é apenas mais bonita, mas também mais saudável e agradável. Se não é possível no curto prazo investir em fios subterrâneos, que pelo menos o poder público exija que as empresas assumam sua responsabilidade retirando fios inativos, reduzindo a aparência de uma "terra sem lei", visualmente caótica.