Uma grave distorção do setor público no Brasil está relacionada aos servidores públicos (STN, CGU, SOF e Gestores) dos órgãos que atuam na operacionalização do chamado "Centro de Governo", responsável pela coordenação das decisões do Palácio do Planalto junto aos demais órgãos da União.
São servidores de Estado que atuam de forma técnica e independente da linha ideológica dos governos em exercício, que desempenham atividades que demandam conhecimentos muito especializados, e cuja maturação técnica só é atingida após vários anos de exercício, o que torna a sua reposição muito difícil.
Esse grupo é responsável pela gestão de mais de dez trilhões de Reais além de ser praticamente o único a buscar a racionalização dos gastos públicos e, por isso, sofrer pressões constantes flexibilizar os gastos da União.
Infelizmente, há alguns anos se tem observado uma elevação dos riscos fiscais da União, da ordem de dezenas de bilhões de Reais, em função da degradação gradual dos processos de trabalho, causada pela rotatividade e pela perda de pessoas-chave nessas instituições, decorrente do desalinhamento da estrutura de incentivos entre essas carreiras e outras do próprio Setor Público e, mais recentemente, da própria iniciativa privada.
No mesmo período, o Presidente do Banco Central e seus diretores buscaram aprovar Emenda Constitucional que permite, dentre outras coisas, alinhar o salário de seus servidores a outras instituições financeiras, mais bem remuneradas, do Setor Público.
Os custos do realinhamento de incentivos das carreiras do Centro do Governo com outras do Setor Público são muitas ordens de grandeza inferiores aos elevados e injustificáveis riscos fiscais decorrentes da deterioração dos processos de trabalho nessas instituições, o que reflete uma insuficiente priorização da gestão da política fiscal que pode chancelar os questionamentos recorrentes do mercado e da imprensa sobre o comprometimento do Governo com a manutenção da sustentabilidade das contas públicas. Aparentemente o Governo trata a Política Fiscal como o patinho feio da Política Econômica no Brasil.