Logo O POVO+
Redenção libertadora
Opinião

Redenção libertadora

Edição Impressa
Tipo Notícia Por

O Ceará não consta como um estado que teve grande número de escravos. Mas foi em Redenção (antes Acarape) que se deu o marco histórico onde ainda encontramos alguns monumentos que representam esse acontecimento como primeira localidade a libertar seus escravos no Brasil. É provável que alguns fatores tenham contribuído para o fato: número reduzido de negros, localidade próxima à Capital, cerca de 60 km, facilidade de se transportar através da ferrovia, além de contar com duas agremiações representativas, Sociedade Libertadora Acarapense, presidida pelo Coronel Gil Ferreira Gomes de Maria, e Sociedade Artística Libertadora Acarapense, representada por José Raimundo de Carvalho. Mas o movimento já acontecia em todo o estado, principalmente em Fortaleza.

No Ceará, o escravo tinha duas representações sociais: valia como um bem econômico-patrimonial e era um importante serviçal nos trabalhos domésticos e executava serviços gerais. Nessa região muitos donos de escravos já os tinham libertos, diante do movimento protagonista.

No dia 1° de janeiro de 1883 desciam na Estação Ferroviária, no Calaboca, membros da Sociedade Cearense Libertadora: Martinho Rodrigues, Justiniano Serpa, Liberato Barroso, Padre Silveira Guerra, João Cordeiro, General Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa que se encontrava em Fortaleza. E mais outros envolvidos na causa, entre eles José do Patrocínio, abolicionista, jornalista, advogado fluminense que também estava na Capital. Foram recebidos com alegre entusiasmo pelo povo, dali seguindo para Acarape, distante apenas três quilômetros. Na Praça da Matriz foram pronunciadas algumas palavras por José do Patrocínio: "... a ideia que ilumina, a espada que vence e o sacerdote que convence". Fazia referência respectivamente aos representantes do: Parlamento, através do Conselheiro Liberato Barroso; Exército Brasileiro, na pessoa do General Antônio de Tibúrcio Ferreira de Sousa; e Igreja Católica, na pessoa do Padre Silveira Guerra. Também presentes, como oradores, Justiniano de Serpa e Almino Álvares. Com esse ato pioneiro, passou a ser denominada de Redenção e foi chamada por seu ilustre filho Perboyare Silva de Rosal da Liberdade.

O que você achou desse conteúdo?