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A Fortaleza que Sarto entregará a Evandro
Foto de Ítalo Coriolano
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É editor digital de Política do O POVO e apresentador do programa Jogo Político, interessado no mundo do poder, seus bastidores e reflexos sobre a sociedade. Entende a política como algo que precisa ser incorporado e discutido por todos. Já foi repórter de Política e também editor da rádio O POVO CBN.

A Fortaleza que Sarto entregará a Evandro

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Daqui a 11 dias, termina a controversa gestão de José Sarto (PDT) à frente da Prefeitura de Fortaleza. Ao contrário do que dizem alguns opositores e analistas, não considero que foi uma administração desastrosa. Como todo governo, teve seus altos e baixos ao longo de quatro anos, mas o balanço geral não chega a ser negativo.

Sem apoio dos governos estadual e federal, o pedetista garantiu conquistas importantes e até inéditas, como o passe livre estudantil, a duplicação da Avenida Sargento Hermínio, berçários em creches. Além disso, construiu Cucas, escolas de tempo integral, postos de saúde, urbanizou áreas da periferia.

Ao mesmo tempo, entretanto, o governo pecou no básico: ruas sujas mesmo com a cobrança da famigerada e rejeitada Taxa do Lixo, buracos nas vias, iluminação pública precária, falta de remédios. Reclamações que perduraram durante muito tempo e que talvez expliquem a derrota do atual prefeito nas eleições de outubro. Problemas que, infelizmente, continuam ou até se gravam nessa reta final de mandato.

O Instituto Doutor José Frota (IJF), principal hospital do Ceará para vítimas de traumas complexos, talvez seja o grande símbolo do momento delicado que a cidade atravessa. São sequentes denúncias de falta de insumos básicos, atraso no pagamento de médicos, adiamentos de cirurgias e até escassez de alimentos para pacientes e funcionários. Situação que obrigou o prefeito eleito Evandro Leitão (PT) a ir a Brasília em busca de mais recursos para tentar minimizar a crise.

Do Legislativo também surgem preocupações: a base de Sarto parece querer deixar um cenário de terra arrasada. Neste semana, por exemplo, os vereadores aprovaram de uma tacada só projetos que excluem áreas de proteção ambiental de 10 bairros da Capital. Imaginem o impacto de medidas como essas para uma metrópole com poucas áreas verdes e cuja sensação térmica de calor parece aumentar a cada ano.

Acredito que o atual prefeito e seu grupo não queiram deixar o poder com uma imagem ainda mais desgastada. Vetar essas propostas que beiram o absurdo, um verdadeiro desmonte ecológico, é mais do que obrigação para o ainda chefe do Executivo, que não pode, ou pelo menos não deveria, colocar de lado o compromisso com o bem coletivo no apagar das luzes.

Ao rejeitar a ideia, dará um forte recado à população e poderá sair de cabeça erguida do Palácio do Bispo no próximo dia 1° de janeiro. São "pepinos e abacaxis" que podem, inclusive, se transformar em munição para os sucessores quando as dificuldades do cotidiano se apresentarem.

Quanto às demais questões administrativas, é manter a força-tarefa já montada atuando até o último minuto para tentar entregar uma máquina minimamente em ordem, saneada, não deixando que falhas graves encubram as coisas boas que foram conquistadas. Ganha ele, ganha o novo governo e, principalmente, ganha Fortaleza.

E vale sempre lembrar: outras disputas virão e, apesar dos pesares, há, sim, um legado que não pode ser desmerecido, e que tem condições de virar importante capital político para essa oposição que tentar se estruturar localmente. Boa sorte para quem sai, sucesso para quem chega. Estaremos aqui sempre vigilantes, cobrando o cumprimento de todas as promessas e contribuindo para o bom debate público. Até 2025!

Foto do Ítalo Coriolano

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