Iniciamos mais um ano mantendo a cooperação de 26 instituições públicas e privadas, em um fórum de construção de consenso, para viabilizar um projeto sustentável de requalificação da região da Praia do Futuro.
Enfrentando percalços burocráticos a cooperação avança, em que pese sempre se deparar com o falso obstáculo do equivocado entendimento de que o conflito decorre de uma tensão entre interesses individuais e coletivos quando, na verdade, envolve interesses públicos diferentes.
Preservar faixas de praias ainda não ocupadas é um interesse coletivo que deve prevalecer diante de novas ocupações privadas. Isso não significa, no entanto, que seja impossível ordenar satisfatoriamente, com controle ambiental e garantia do uso público, ocupações de décadas que ali desenvolvem atividades geradoras de emprego e renda, com evidentes repercussões sociais.
O Fórum da Praia do Futuro enxerga no conflito três interesses públicos distintos: a preservação do uso comum de uma generosa faixa de praia e sua sustentabilidade ambiental, as repercussões sociais das atividades econômicas ali desenvolvidas e a segurança jurídica que exige a resolutividade de uma judicialização que, neste ano, completará duas décadas sem decisão definitiva.
Para compatibilizar esses interesses, o Fórum elaborou uma proposta sugerindo uma mínima utilização de faixa de praia, com uma significativa redução no número e no tamanho das barracas, retirada de estruturas de clubes e de equipamentos fixos na faixa de areia. Essa proposta foi gestada em um longo, amplo e transparente processo de discussão entre grupos distintos, com diferentes visões e interesses, resultando em um razoável consenso que pode até ser aperfeiçoado em uma negociação honesta, não devendo ser antecipadamente desconsiderado com se fosse econômica, social e juridicamente inviável.
Somente uma solução cooperativa do Fórum é capaz de superar todos esses conflitos, pois é guiada pela clareza de que muitas vezes o que parece ser o ideal, na visão individualizada de cada grupo envolvido, pode não corresponder ao consenso possível para todos em cooperação. Concretizar, sem personalismos, a solução possível e confortável pra todos terá a força de transformar, para melhor, o futuro dessa nossa importante praia. Encerrar essa discussão é a pauta do Fórum nesse ano que se inicia.