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Juraci Maia Cavalcante: A fabulosa história de Jesuscristinho
Opinião

Juraci Maia Cavalcante: A fabulosa história de Jesuscristinho

Vindo de Portugal, o presépio vivo e/ou artístico chegou ao Nordeste do Brasil, no século XVI, trazido pelos Jesuítas, tradição que teve vigor até meados do século XX
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Juraci Maia Cavalcante

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A história mítica e bíblica da chegada dele encerra 2024 anos. Foi encenada por religiosos e artistas de diversas épocas, em autos e cânticos, pinturas e esculturas.

O primeiro presépio foi concebido por São Francisco de Assis, no século XIII. Antes de virar hábito nas casas de famílias católicas, era prática rememorativa em capelas, igrejas e catedrais do mundo europeu expandido.

Vindo de Portugal, o presépio vivo e/ou artístico chegou ao Nordeste do Brasil, no século XVI, trazido pelos Jesuítas, tradição que teve vigor até meados do século XX. Eis a cena mostrada às crianças: um menino despojado de conforto e luxo, rodeado dos pais e camponeses, reis magos e camelos, de vacas e burros, galos e galinhas.

Havia casas em que tais maquetes eram armadas todos os anos na sala, atraindo a curiosidade de crianças e adultos por sua beleza e simplicidade.

Sendo parte de uma pedagogia catequética, oferecia em especial às crianças um componente lúdico fundante da fé e formação de todo cristão católico. Estar ali tão perto do Jesuscristinho dava aos presentes a sensação de proximidade física a um Deus inocente, amigo e capaz de lhes proteger de todo mal.

A partir de meados do século passado, os presépios foram de novo circunscritos ao interior das igrejas. Nas casas, com raras exceções, em seu lugar entraram os símbolos do Pai Natal americano, enraizado por sua vez na lenda europeia de São Nicolau.

Ao invés da simplicidade do menino da manjedoura, está posto o culto à riqueza da ceia, de enfeites e dos presentes. Este toma conta do festejo, instala-se uma nova e chã leitura, bem distinta do sentido bíblico e rememorativo, que diz ter Ele vindo justamente para salvar os mais humildes e a humanidade dos deslizes de Adão.

Quem na infância viveu essa experiência saberá contar melhor do que eu do encantamento que causava a visão de um presépio, encimado pela famosa estrela. Foram os presépios que me apresentaram à religião cristã, tudo feito com tanto encanto e beleza, que posso dizer do papel que também tiveram na minha aproximação com a arte sacra.

 

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