Se a física define resiliência como a capacidade de um corpo absorver energia, sofrer deformação e voltar à sua forma original, o cotidiano a traduz como a capacidade de cada pessoa de se reinventar diante de desafios, um termômetro de como encarar a sua existência. Às vezes, é confundida com firmeza; no entanto, aproxima-se mais da flexibilidade, do ir e vir, do “jogo de cintura”, do desaprender e aprender de novo, da capacidade de revisitar crenças, desconstruí-las e refazer trajetórias.
A resiliência é um redesenho de cada sujeito, onde, diante do imutável, do indesejável e do imprevisível, cada um precisa encontrar caminhos para lidar com a realidade. A resiliência poética lembra que, ao cair, é necessário levantar e alçar novos voos. Mas, na prática, como é possível ver a resiliência acontecer?
Talvez na força de vontade de quem está aprendendo uma nova atividade porque já não vê sentido no que faz; certamente no profissional que, depois de um trabalho árduo, segue estudando porque investe em sua carreira; talvez na coragem do gestor de dar o "sim" e o "não" necessários à sua equipe. Ou ainda no adeus tão adiado.
Como competência, saber ser resiliente torna-se uma condição indispensável para lidar com um mundo caótico, complexo, incerto e vulnerável. É a competência que dá oxigênio às escolhas, sinalizando o que cada sujeito pode ou não suportar, o que deve abraçar e o que precisa largar, seja em ambientes favoráveis ou turbulentos. Ser resiliente não é aguentar tudo. Longe disso...
A resiliência está entrelaçada com as escolhas do fazer ou não fazer, traduzindo a forma peculiar de caminhar no mundo. Se a vida fosse um semáforo, a resiliência não seria o sinal verde, nem o vermelho, mas o laranja, que sinaliza se há condições de ir em frente ou se é tempo de parar.
A questão é que esta luz não está lá fora; está acesa do lado de dentro e torna-se mais forte quando cada pessoa permite que essa competência trafegue pelas vias do autoconhecimento, da autoaceitação e do autorrespeito.