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Mônica Mourão: What a story, Brasil!
Opinião

Mônica Mourão: What a story, Brasil!

A despeito de ter uma estratégia de marketing padrão Globo, obviamente esse não é o único fator para o sucesso de crítica e de público de "Ainda Estou Aqui", com mais de 3 milhões de espectadores no Brasil
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Monica Mourão

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O sucesso de “Ainda estou aqui”, da Globoplay, vencedor do Globo de Ouro de melhor atriz dramática por Fernanda Torres ontem (05), mostra a urgência de se contar histórias sobre a ditadura civil-militar brasileira. Expõe também os impactos atuais das lacunas de uma política de memória sobre o período.

Embora bem menos atacado que o filme “Marighella”, alvo de ação organizada com uso de robôs para ter a nota derrubada na plataforma IMDb, a direita certamente não está feliz com o Globo de Ouro. Antes da vitória, comentários em uma postagem jornalística sobre as chances de indicação ao Oscar já mostravam o descontentamento:

“Ganha não… essa indicação é só formalidade e inclusão”, dizia um deles. Outro afirmava que “é indicação paga.. marketing para o filme”. Já um terceiro foi um pouco mais agressivo: “‘Pretensão e água benta’. Pois ‘aquilo’ lá não ganha nem com reza brava. Talvez, uma menção ‘tupiniquim’ de arrogância e às nossas custas o que é pior”.

A despeito de ter uma estratégia de marketing padrão Globo, obviamente esse não é o único fator para o sucesso de crítica e de público, com mais de 3 milhões de espectadores no Brasil. Em muitas sessões, a plateia foi calorosa e aplaudia enquanto subiam os créditos, como consta em comentários no Instagram do ator Selton Mello.

No filme, os acontecimentos são situados no ambiente doméstico até que o desaparecimento de Rubens Paiva e a prisão de Eunice e Eliana rasgam o cotidiano da família. A saga de Eunice em busca da verdade sobre seu marido mal tinha se iniciado quando um salto temporal nos leva a 1996 e, depois, a 2014, dois momentos de reconhecimento estatal do assassinato de Paiva. “Ainda estou aqui” necessita contar até onde chegou a luta daquela mulher. A fragilidade das políticas de memória empurra a arte para o papel de dizer, afinal, que história foi essa de ditadura.

Enquanto isso, a Argentina, que realizou sua justiça de transição punindo os militares, teve o Centro Cultural da Memória Haroldo Conti (ex-ESMA) fechado nesta semana por Javier Milei. O caso mostra que, em diferentes lugares, as disputas de memória sobre períodos autoritários ainda estão aqui. 

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