O Ceará, embora não tendo um grande número de negros africanos, os que para cá vieram, provenientes de Pernambuco e Bahia, nos deixaram marcas culturais. O índio, principal e primeiro habitante local, é também forte presença nos nossos usos e costumes. O homem colonialista, particularmente o português, que nos séculos XVII e XVIII se aventurou no Nordeste por rios, matas, veredas, nos deixou como legado os folguedos, as festas religiosas e também as profanas. O cearense é uma mistura de manifestações poéticas maliciosas e marotas, com um comportamento misto de sinceridade, hospitalidade alegre e cordial. E mais, resistente ao sofrimento e obstáculos impostos pelas secas tão pertencentes à região.
Dormir em redes, a pesca, a caça, a mandioca, o beiju e o pirão são heranças indígenas; o maracatu, o samba, danças de rodas, festa de Iemanjá, a feijoada, o vatapá são descendências africanas; as festas religiosas, as novenas, procissões e quermesses, como também o bumba-meu-boi, a queima do Judas no sábado da Aleluia, as cantigas de rodas, os bailados e quadrilhas foram trazidos pelos portugueses. Redenção e Acarape são partes dessa herança. As festas religiosas e as dançantes são fortes tradições, como veremos adiante.
Muitos fatos não constam em livros ou documentos. Porém se formos ao encontro da história real, mediante nossa vivência e imaginação, essa junção nos capacita retratar algo do que foram e são hoje culturalmente essas duas cidades. Um paralelo diferenciado de épocas.
Aos domingos os homens em seus paletós de linho branco, chapéus, montados em seus cavalos ou nas charretes tendo ao lado a senhora bem composta e bem vestidas em sedas ou tafetás, vinham de seus sítios, em direção à igreja para a missa dominical. Toda cerimônia era em latim, mas o fervor prevalecia. Ladainhas, terços e novenas em cânticos, eram acompanhados numa demonstração de fé e obediência.
Bem diferentes dos dias atuais!