A quadra chuvosa é um período em que a população caririnse se enche de farturas. Os verdes canaviais da Barbalha e a Chapada do Araripe com a colheita dos pequis sinalizam que o inverno chegou.
De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), nessas duas primeiras semanas de 2025 o maior acumulado de chuvas foi na Região Metropolitana do Cariri, com previsões de níveis pluviométricos acima da média. Momentaneamente, os resultados deixados por volumes tão intensos de água desafiam há décadas a infraestrutura das cidades do eixo (Crato - Juazeiro - Barbalha), pois as recorrentes inundações das ruas comprometem comércios e residências.
A potência econômica da Região Metropolitana do Cariri (RMC) reside no processo contínuo de expansão de crescimento urbano com características específicas de um grande centro econômico: grande soma de investimentos privados, altas taxas de geração de emprego e renda. Entretanto, este cenário não é suficiente para a construção de um projeto de desenvolvimento econômico sustentável regional.
A urbanização caririense passa por uma especulação do valor do espaço. Ao longo dos anos empilharam-se prédios e criaram-se bairros como numa espécie de "terra com asfalto", ocasionando a impermeabilização do solo e promovendo uma urbanização sem planejamento.
Consequentemente, as chuvas intensas alagaram as ruas, casas e comércios em Juazeiro do Norte; os canais que cortam a cidade do Crato transbordaram; as pavimentações das vias e estradas rurais foram arrancadas em Barbalha. Por toda a região os prejuízos são resultados dos alagamentos, e isto está intrinsecamente ligado à ausência de infraestrutura adequada.
É evidente que os problemas não estão apenas na esfera do prejuízo a ser quantificado. Há questões de saúde pública (transmissão de doenças por meio de água de esgoto), a moradia (periferias, assentamentos) e a ação do homem sobre o meio ambiente (queimadas, desmatamento) que necessitam de enfrentamentos pelo poder público e por nós, caririenses.