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Roberto Macêdo: O periquito cara-suja de volta à caatinga
Opinião

Roberto Macêdo: O periquito cara-suja de volta à caatinga

As aves receberam cuidados técnicos e científicos para a sua reintrodução na caatinga, em uma feliz aproximação da Associação Caatinga com a Aquasis, organização da sociedade civil que lidera as ações de repovoamento desse pássaro no Ceará
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Roberto Macêdo

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Inicio o ano novo com a boa lembrança de um movimento de revitalização do meio ambiente que, na condição de membro do Conselho da Associação Caatinga, tive o privilégio e a alegria de, mesmo distante, acompanhar, em dezembro passado: a soltura de 18 periquitos cara-suja na Serra das Almas, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) localizada na divisa do Ceará com o Piauí.

Essas aves foram selecionadas pela equipe do Projeto Periquito Cara-Suja e estavam em caixas-ninho situadas no Maciço de Baturité, área de atuação do projeto.

Elas receberam todos os cuidados técnicos e científicos para a sua reintrodução na caatinga, em uma feliz aproximação da Associação Caatinga com a Aquasis, organização da sociedade civil que lidera as ações de repovoamento desse pássaro no Ceará.

Há mais de um século o periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) não era registrado na região da Ibiapaba.

Essa iniciativa, mais do que promover a reintrodução de uma espécie endêmica da caatinga cearense, é uma forma também de contribuir para a restauração da biodiversidade, uma vez que essas aves são excelentes espalhadoras de sementes, o que significa mais árvores plantadas e, consequentemente, mais captura de carbono.

Com seus 6.285,38 hectares, o equivalente a 20% do território de Fortaleza, a reserva Serra das Almas estoca mais de 1,6 mil toneladas de carbono, neutralizando o correspondente ao modo de vida de um milhão de paulistanos.

Isso, em uma área segura, com clima adequado e um trabalho de educação e conscientização ambiental nas comunidades do seu entorno, para que as pessoas enxerguem e usufruam dos benefícios desse potencial ecoturístico.

O modelo integrado de conservação desse bioma 100% brasileiro é importante para a retenção de água no semiárido.

Apenas por estar preservada, a área da Serra das Almas responde pela produção anual de 4,8 bilhões de litros de água, volume semelhante ao de 300 mil cisternas rurais.

Por tudo isso, neste início de ano, sinto-me confiante e animado com os resultados alcançados pela atuação da Associação Caatinga e de seus parceiros.

 

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