— E se nós fôssemos fazer mercado juntos? Não, melhor, podemos fazer um arroz juntos. O que acha?
— Você quer fazer arroz comigo?
— Não tem nada que eu não queira fazer
com você.
Ela revira os olhos, sorri e esconde o rosto sem graça.
— Onde você estiver, é onde eu quero estar. Desde que chegou, você tem salvo as minhas segundas que, antes de você, eram só o pior dia da semana. Você salvou as minhas segundas mesmo elas não precisando serem salvas, mas se você não consegue me acompanhar, tudo bem. Não quero que gaste os seus sapatos já gastos para acompanhar os meus passos porque eu posso dar eles sozinha.
— Não é isso, é que… — Arfa — Não sei organizar as palavras de uma maneira que eu me faça entender, mas é complicado. Eu sou complicada.
— A gente não precisa complicar nada, estou às claras.
— Eu sei… você sempre é.
— Eu só preciso saber se você anda no mesmo ritmo que eu para que eu não precise parar para te esperar recuperar o fôlego em vão. Eu sou uma aventura e nem todo mundo consegue viver com adrenalina. Pode ser difícil de acompanhar tantas camadas.
— Você é o evento que eu confirmei presença antes mesmo de ser um evento confirmado. Você é um acontecimento! Você é mais solar do que o sol. E se o carnaval tivesse um rosto, seria o seu! Você em silêncio ainda faz barulho, não há ninguém como você no mundo e é notável para todos que contemplam sua existência no exato momento em que chega em qualquer lugar porque não poderia ser diferente: você é você! Portanto, relaxa! Eu te acompanho, ainda que eu precise fazer isso descalça.