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Tudo é política
Opinião

Tudo é política

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Lembro-me de circular nas redes sociais durante os pleitos de 18 e 22 imagens que retratavam a seguinte frase: "Tudo é politica, inclusive seu silêncio conivente disfarçado de neutralidade". E de fato, por mais que para muitos não seja estimulante ou sedutor as normativas e o cotidiano entorno da organização estatal, é imperativo afirmar que não existe vácuo na manipulação do poder, até o mais neutro, apartado e alheio ao assunto é impactado pelas decisões políticas.

É a contraditória política monetária que eleva o juros, pressionada pela alta do dólar, que aumenta o preço do trigo e deixa o pão mais caro. É a austeridade fiscal do governo dito "social" que limita o aumento do salário mínimo. É o filme premiado no tapete vermelho que retrata o nosso pior passado, e, já que entramos no assunto, também lutamos por democracia, na defesa ou na tentativa de tê-la.

Dito isso, 2 anos se passaram da barbárie imoral do 8 de janeiro, mas em tempos que até o ato de registrar uma fotografia exige reflexão e cautela, celebramos exatamente o quê da democracia? O nosso parlamento, o todo poderoso, parece emparelhar o orçamento, e a renovação parece criminalizada. Hoje, o lobby e as castas legislam no mais alto escalão, passa a bet e arquiva a taxação. Vivemos também uma grave crise ética e de costumes que é usada desonestamente como objeto demagógico de identificação de lideres com o povo. Da economia e educação à segurança pública, digo que o progresso das nações não ocorre por simples acaso. Ao contrário do mito neoliberal, que se difundiu de forma pouco fundamentada entre nós, a prosperidade não é um resultado inevitável da sorte, mas sim fruto de arranjos institucionais que a política, e só ela, faz ou deixa de fazer. Em 2025, a política brasileira, parafraseando a escritora Conceição Evaristo, vai combinar de nos matar e a gente vai continuar a combinar de não morrer.

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