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Denilde Holzhacker: Trump e o redesenho da política americana e global
Opinião

Denilde Holzhacker: Trump e o redesenho da política americana e global

No plano econômico, Donald Trump reforça sua aliança com o setor empresarial, prometendo estimular o crescimento por meio de cortes de impostos e redução de regulamentações
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Denilde Holzhacker. Professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Denilde Holzhacker. Professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

No dia 20, o mundo parou para ouvir o discurso do presidente Donald Trump no início de seu novo mandato à frente dos Estados Unidos. Fiel ao seu estilo, que rompe com os padrões tradicionais da política americana, Trump reafirmou sua postura disruptiva e sua determinação em cumprir as promessas de campanha.

Já na primeira semana de volta ao poder, o presidente demonstrou que os próximos quatro anos serão marcados por mudanças profundas e decisões controversas, tanto no cenário interno quanto no internacional. Sua mensagem foi clara: colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar, mesmo que isso signifique desafiar aliados históricos e redesenhar o cenário global.

No plano econômico, Trump reforça sua aliança com o setor empresarial, prometendo estimular o crescimento por meio de cortes de impostos e redução de regulamentações. Embora essa abordagem conte com forte apoio de sua base, críticos alertam para os riscos sociais e a falta de atenção à sustentabilidade no longo prazo. É um governo que aposta na força do mercado interno como motor para sua política econômica.

Na política externa, Trump mantém um tom agressivo e transacional, priorizando ganhos imediatos para os Estados Unidos. Dessa forma, suas negociações aumentam os custos para aliados tradicionais e deixam o multilateralismo em segundo plano, rompendo com o modelo que caracterizou administrações anteriores. Ele já indicou que usará tarifas e taxações como ferramentas para obter concessões de parceiros comerciais. No entanto, surpreendeu ao adotar, pelo menos inicialmente, uma postura mais cautelosa em relação à China, evitando um confronto direto. De toda forma, sua estratégia reforça a imagem de um líder que não teme confrontar desafios para atender aos interesses nacionais.

De modo geral, o novo mandato de Trump promete consolidar sua marca: um governo que não busca consenso, mas sim resultados. Porém, os próximos anos trarão questões cruciais. Até que ponto essa abordagem será sustentável? Como a sociedade americana responderá a essas mudanças em um contexto de polarização crescente? E como aliados e adversários reagirão à nova postura dos Estados Unidos?

A incerteza sobre os impactos dessa direção ainda é grande. No entanto, Trump terá quatro anos para implementar sua visão de país. O que resta saber é se, ao final desse período, sua liderança será lembrada como uma transformação necessária para impedir o declínio do país ou como um experimento arriscado na história dos Estados Unidos.

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