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Roberto Bassan Peixoto: Quantos jovens passaram no Enem?
Opinião

Roberto Bassan Peixoto: Quantos jovens passaram no Enem?

Na gestão de Elmano de Freitas não foram registrados casos de crises graves nos centros socioeducativos do Ceará. Essa realidade reflete uma mudança cultural no atendimento aos jovens
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Roberto Bassan Peixoto

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Quantos jovens e adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas no Ceará fizeram o Enem e se habilitaram para o Sisu? É a pergunta que gostaria de ouvir quando respondo que trabalho com adolescentes e jovens que cometem atos infracionais. Mas a pergunta que sempre vem é: “quantas rebeliões e tumultos houve nos centros socioeducativos? Não se fala mais em tumultos e rebeliões com os jovens infratores -vocês agora escondem essas informações?". Os questionamentos reforçam uma lógica de estigma, invisibilidade ao trabalho da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas).

Na atual gestão do governador Elmano de Freitas, não foram registrados casos de crises graves nos centros socioeducativos do Ceará. Essa realidade reflete uma mudança cultural no atendimento aos jovens, com ênfase na Escolarização Formal e na Qualificação Profissional.

O foco do trabalho está na criação de oportunidades concretas para que esses jovens possam construir novos projetos de vida e reintegrar-se à sociedade de forma digna e transformadora. A Escolarização Formal conta com lotação de 99 professores distribuídos nos 19 centros socioeducativos da Capital e Interior; o percentual de adolescentes/jovens matriculados é de 98%, resultado de parceria com a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) e Secretarias Municipais de Educação.

Em 2024, 97% de adolescentes/jovens matriculados obtiveram mais e 75% de frequência. No Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e no Enem, os resultados são expressivos. No Encceja, foram 149 proficiências por área no Ensino Fundamental e 39 no Ensino Médio. No Ceará, 98 jovens do sistema socioeducativo, atualmente cursando o Ensino Médio, participaram do Enem como “treineiros”, junto a 146 estudantes do Ensino Fundamental. Entre os concluintes, dos 12 jovens em cumprimento de medidas que cursavam o 3º ano do Ensino Médio e realizaram o exame, sete alcançaram a pontuação necessária para se inscrever no Sisu, e um deles obteve nota suficiente para o Prouni. Esses resultados destacam o impacto transformador do acesso à educação na vida desses estudantes.

O desejo para 2025 é que as experiências positivas relacionadas ao sistema socioeducativo superem os estigmas e marcas negativas. Trata-se de uma escolha coletiva como sociedade: responsabilizar esses jovens pelos seus atos, mas também oferecer-lhes oportunidades reais de transformação. É uma aposta na educação, em metodologias pedagógicas e, sobretudo, no potencial de cada indivíduo: romper com a com a lógica meramente punitiva e acreditar no crescimentos dos jovens.

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