A coerência política dá a impressão de ter se perdido quando, em meio a tantas vozes, não se sabe quais destas fazem sentido para o atual governo. O que se observa é que as vozes dos atores escolares parecem não estar sendo ouvidas. É importante e oportuno refletir, por isso, sobre alguns pontos que evidenciam problemas:
(1) A ampliação do tempo integral no ensino fundamental, que se inicia no topo, 9° série, quando deveria iniciar pela base, 1° série, época da alfabetização, período em que os pais mais necessitam de apoio na educação escolar dos filhos pequenos, pois estão imersos em longas jornadas diárias de trabalho.
(2) a implantação do tempo integral no ensino médio não considera discutir um currículo e uma lei de estágio que inclua, e não exclua o jovem da rede estadual de políticas de qualificação profissional como o "Primeiro Passo" (Jovem Aprendiz), como ocorre, negando-lhes a possibilidade de concorrer a estágios remunerados.
(3) a quase eleição de André Fernandes na capital cearense; e a identificação da juventude com o candidato e suas propostas. A falha de conexão situa-se entre os anseios dos jovens e as políticas empreendidas no período, com destaque para a seleção do fardamento escolar como estratégia de engajamento dos jovens nas escolas e consequentemente ao governo. Em pleno século XXI a juventude motivar-se por um uniforme escolar é de baixa probabilidade;
(4) a vida financeira das escolas, pois o pedagógico pouco ou nada avança desarticulada dessa dimensão, por essa razão, os recursos devem ser aumentados ano a ano, nunca reduzidos;
(5) a seleção recente para professores temporários da Seduc/CE que está desarticulada com o currículo do Novo Ensino Médio (NEM), composto por aproximadamente 50% de componentes da parte diversificada, e no edital constavam apenas disciplinas da formação geral. É preciso esclarecer que, o compromisso com uma educação emancipadora aos moldes freirianos, carece de políticas públicas eficientes.
A pergunta é: Como se projetam resultados que façam sentido para os alunos, pais, professores e gestores da rede de ensino cearense? Conectar-se às instituições, aos agentes e usuários para repensar a política educacional, portanto, deve ser a estratégia empreendida.