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Tiago Guimarães: DeepSeek e o plano bilionário dos EUA em IA
Opinião

Tiago Guimarães: DeepSeek e o plano bilionário dos EUA em IA

O controle da infraestrutura que sustenta os algoritmos será decisivo. Recursos como silício, lítio e nióbio serão o "petróleo" da IA. Se sua produção for monopolizada, conflitos por matérias-primas podem substituir as guerras pelo petróleo
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Tiago Guimarães. Coordenador de Estudos e Pesquisa da  Associação de Jovens Empresários de Fortalez (Aje) e conselheiro dos Jovens Leitores do O POVO. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Tiago Guimarães. Coordenador de Estudos e Pesquisa da Associação de Jovens Empresários de Fortalez (Aje) e conselheiro dos Jovens Leitores do O POVO.

O projeto Stargate, dos Estados Unidos, marca uma nova era em que a inteligência artificial (IA), pois investir 500 bilhões de dólares é tratada como infraestrutura. E se, mais do que desenvolver tecnologias, os EUA buscam criar uma base estrutural para a IA, semelhante ao GPS, sob controle americano? E se, o foco não é apenas inovação, mas controle sobre produção, hardware e recursos?

Enquanto iniciativas como o DeepSeek buscam soluções específicas, os EUA almejam construir uma infraestrutura indispensável para a IA. Assim como o GPS gera dependência global, essa infraestrutura poderá garantir influência geopolítica no processamento de dados. Enquanto o software se torna mais aberto, a disputa central será pelo domínio do hardware e seus insumos.

O controle da infraestrutura que sustenta os algoritmos será decisivo. Recursos como silício, lítio e nióbio serão o "petróleo" da IA. Se sua produção for monopolizada, conflitos por matérias-primas podem substituir as guerras pelo petróleo. Isso exige uma visão sistêmica sobre tecnologia, desde a extração até a industrialização. O Brasil, com a Petrobras, provou ser possível gerir recursos estratégicos sem grandes conflitos.

A dependência exclusiva do software pode levar a um beco sem saída. Sem domínio sobre onde as soluções são executadas, a inovação se torna refém de terceiros. Assim como um carro depende da pista e do combustível, quem não investe em hardware e infraestrutura permanece vulnerável.

Portanto, é essencial desenvolver toda a cadeia produtiva, da extração de minérios até tecnologias avançadas. Sem isso, um país será apenas consumidor, dependente de quem controla o hardware. O Brasil deve buscar soberania sobre esses recursos, rompendo com dogmas de escassez e incapacidade.

Investir só em software é como construir um carro sem pista. Com investimento em recursos e indústria, o Brasil pode não só participar da nova era da IA, mas influenciá-la. O futuro não será definido apenas pelos dados, mas pela infraestrutura que os processa. Esta é uma corrida da qual não podemos ficar de fora.

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