As relações entre a China e os EUA remontam a 1844, quando ambos firmaram o Tratado de Wanghia. Nos 180 anos seguintes, seu relacionamento oscilou entre fases de aproximação e afastamento.
Com a ascensão pacífica da China a partir de 1978 e seu rápido desenvolvimento os meios dirigentes dos EUA sentem-se incomodados com o risco de perda de sua hegemonia. Os Estados Unidos como a China se vêm então envolvidos numa competição que abrange os campos econômico, tecnológico e geopolítico, com impactos sobre a governança global.
Atualmente, China e EUA, apesar de sua interdependência produtiva e de serem as maiores economias e exportadores mundiais, não contribuem igualmente para a estabilidade e o dinamismo econômico do Planeta. Enquanto a China atua positivamente, os EUA se tornam cada vez mais protecionistas e menos cooperativos, afetando adversamente a economia internacional.
De fato, o novo governo dos EUA aplicou tarifa adicional de 10% sobre bens importados da China, sem uma razão plausível. Trata-se de imposição unilateral de tarifas que viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma medida que barra a tão necessária cooperação econômica entre a China e os EUA e ameaça as cadeias globais de suprimentos, com impactos adversos sobre a produção industrial e o comércio internacional..
A China reagiu com tarifa extra de 15% sobre carvão e GNL dos EUA e de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e certos tipos de automóveis. Ademais, apresentou contestação na OMC pelas tarifas discriminatórias impostas pelos Estados Unidos sobre seus produtos e impôs controles de exportação a minérios estratégicos. No entanto, apesar da retaliação defensiva, a China mantém-se aberta ao diálogo para resolver esse impasse e normalizar suas relações comerciais com os EUA.8
A nova onda protecionista dos EUA não influenciará negativamente apenas o fluxo comercial e o crescimento das economias. Sua visão "neomercantilista" e abordagem truculenta afetará também os alinhamentos geopolíticos atuais. Mesmo países aliados perderão a confiança nos Estados Unidos como parceiro comercial. Isso poderá levar a uma reconfiguração de laços entre a Europa e a Ásia. As tarifas mais altas aumentarão a distância geopolítica no mapa do comércio global, ampliando o fosso diplomático entre os Estados Unidos e outros países.