A primeira vez que escrevi sobre o risco que Jair Bolsonaro representava para a democracia foi em 2018. Na ocasião, contestei argumento de um professor da Universidade Federal de Pernambuco que dizia não ver “diferença significativa” entre os candidatos que concorriam à Presidência naquele ano, em comparação com Bolsonaro.
Titulei assim artigo, de 13/9/2018, “Democracia corre perigo real (com Bolsonaro)”, mostrando a diferença crucial entre democratas e autocratas. Como todos sabem, o candidato de extrema direita venceu a eleição naquele ano.
Na sequência escrevi mais alguns textos sobre o assunto, entre eles, “O risco Bolsonaro à democracia” (31/10/2019) e “Artigo 142 como verniz de legalidade para os golpistas” (31/5/2020).
Em 15/6/2020 anotei “O golpe está a caminho, é preciso detê-lo”, quando abordei os absurdos praticados por Bolsonaro e sua corriola: “Ele continuará nessa marcha da insensatez até ser detido ou implementar um regime autoritário no Brasil”, alertei.
Em uma época em que era lugar-comum argumentar que Bolsonaro nunca apelaria para um golpe de Estado, com muitos analistas vendo um “lado bom” em sua administração, lembrei o seguinte: “Mesmo jornalistas críticos do presidente da República repetem o mantra de que não existe perigo de Jair Bolsonaro apelar para um golpe de Estado”, em “O perigo do golpe” (6/8/2021).
Mas como vemos agora, pela denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, o risco não só existia, como 2021 marcou o início da trama golpista.
No dia 11/4/2022, após ver uma entrevista em que uma jornalista contava que “todos os militares” ouvidos por ela não davam nenhum indicativo de que entrariam em uma aventura autoritária, rascunhei “Deve-se acreditar na palavra dos militares?", argumentando que nenhum golpista confessaria seu intento. Ainda fui um pouco mais longe: “Um golpe que se organiza à luz do dia” (23/11/2022).
Logo depois viria o 8 de janeiro de 2023, em decorrência de uma longa preparação golpista, prenunciada por esta modesta coluna.