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Thiago Portela: Hidrogênio Verde e os desafios tecnológicos no Brasil
Opinião

Thiago Portela: Hidrogênio Verde e os desafios tecnológicos no Brasil

Apesar da abundância de energia solar, eólica e hídrica, a carência de inovação disruptiva e de estratégias consistentes de desenvolvimento científico posiciona o país em desvantagem no cenário global
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Thiago Portela. Membro da Comissão de Hidrogenio Verde OAB/CE. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Thiago Portela. Membro da Comissão de Hidrogenio Verde OAB/CE.

O Brasil detém condições naturais privilegiadas para emergir como um protagonista na produção de hidrogênio verde. Contudo, entraves tecnológicos significativos ameaçam limitar sua competitividade. Apesar da abundância de energia solar, eólica e hídrica, a carência de inovação disruptiva e de estratégias consistentes de desenvolvimento científico posiciona o país em desvantagem no cenário global.

A inteligência artificial (IA), pilar da revolução tecnológica contemporânea, é imprescindível para aprimorar a eficiência nos processos de eletrólise, bem como para a gestão logística e armazenamento do hidrogênio verde. Entretanto, a escassez de capital humano qualificado e o subfinanciamento crônico de pesquisa aplicada restringem a capacidade brasileira de implementar soluções vanguardistas, resultando em custos operacionais elevados e menor atratividade para investidores internacionais.

A recém-aprovada reforma tributária agrava esse panorama. Embora essencial para a modernização fiscal, sua estrutura pode onerar insumos e tecnologias estratégicas, desestimulando iniciativas de inovação no setor. Em contrapartida, nações como os Estados Unidos têm articulado incentivos fiscais robustos e promovido programas de formação tecnológica, consolidando sua liderança.

O Brasil, portanto, carece de uma abordagem integrada que contemple não apenas ajustes tributários, mas também o fortalecimento de políticas científicas e tecnológicas.

Ainda assim, o país possui um enorme potencial de reconfiguração. A promoção de parcerias público-privadas, a criação de centros de excelência em pesquisa energética e a capacitação de talentos nacionais são elementos imprescindíveis para alavancar uma cadeia produtiva de hidrogênio verde robusta e sustentável.

O hidrogênio verde transcende a questão ambiental; ele é uma oportunidade singular para reposicionar o Brasil como uma potência inovadora. Entretanto, sem a ciência e a tecnologia como eixos centrais dessa transição, o país corre o risco de ser relegado à condição de coadjuvante na economia energética do futuro.

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