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Edilberto Pontes Lima: O protecionismo de Trump e seus impactos no Brasil
Opinião

Edilberto Pontes Lima: O protecionismo de Trump e seus impactos no Brasil

Trump iniciou sua agenda protecionista, no primeiro mandato, elevando tarifas para entre 3% e 5%, com foco na China. Em seu segundo mandato, ampliou essa estratégia para parceiros tradicionais, como União Europeia e Canadá
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Edilberto Pontes Lima

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Albert Einstein, em suas "Primeiras impressões da América do Norte", nos anos 1920, observou que os EUA, "mais reservados, se fechavam sobre si mesmos por um sistema de imposto proibitivo sobre as mercadorias estrangeiras". Essa constatação reflete um padrão recorrente da política comercial americana, que já causou impactos globais em diversas ocasiões.

No século XX, os EUA adotaram posturas protecionistas em momentos de crise. O Tariff Act of 1922 impôs tarifas médias de 38%, e o Smoot-Hawley Tariff Act de 1930 agravou a Grande Depressão ao restringir o comércio global. No pós-guerra, a liberalização comercial favoreceu o crescimento econômico, culminando na criação da OMC em 1995 e na queda das tarifas para cerca de 1,6% antes do primeiro governo Trump.

Trump iniciou sua agenda protecionista, no primeiro mandato, elevando tarifas para entre 3% e 5%, com foco na China. Em seu segundo mandato, ampliou essa estratégia para parceiros tradicionais, como União Europeia e Canadá.

O Brasil, como grande exportador de commodities agrícolas, tende a sofrer consequências diretas. Tarifas mais altas sobre produtos brasileiros, como aço e soja, reduzem a competitividade do país no mercado americano. Além disso, a guerra comercial entre EUA e China pode intensificar a concorrência externa, especialmente no setor agrícola, onde produtores brasileiros disputam espaço com exportadores chineses em mercados estratégicos.

Para mitigar esses impactos, o Brasil precisa fortalecer acordos comerciais com a União Europeia e os mercados asiáticos, essencial para diversificar as exportações. Além disso, acelerar a modernização do parque industrial, reduzir a burocracia, ampliar os incentivos à inovação, aprofundar os investimentos em infraestrutura logística e melhorar a qualidade geral de sua educação são providências essenciais que podem aumentar a produtividade da economia brasileira, estagnada há décadas, e ampliar a competitividade no comércio global.

Não será fácil, mas é o caminho para um país que parou de crescer há muitos anos, permanece com desigualdades brutais e assistiu passivamente à perda de relevância e importância de sua economia. Reduzir a dependência e a vulnerabilidade às medidas unilaterais de seus parceiros comerciais será apenas um entre os efeitos benéficos de um choque de produtividade na economia brasileira.

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