Ao assumir a Secretaria do Planejamento, Orçamento e Gestão (Sepog), solicitei a mudança do letreiro "Gabinete do Secretário" para "Gabinete da Secretária". Uma troca natural e simbólica que parece bobagem para muita gente. Mas se fosse o contrário, um secretário homem trabalhando no "Gabinete da Secretária", a mudança seria automática e óbvia. A realidade é que continuamos vivendo em um mundo pensado por homens e para homens.
Ainda temos que demarcar espaços para continuar avançando. Seguimos correndo atrás de paridade, na busca de equilíbrio de representatividade, mas em paralelo precisamos ir além. Ao longo da campanha do prefeito Evandro Leitão, integrei um grupo de mulheres coordenado pela hoje primeira dama, Cristiane Leitão, e pela hoje secretária da mulher, Fatima Bandeira, que discutia, entre outros temas, a qualidade dessa representatividade na Prefeitura.
Defendíamos a liderança em pastas com políticas públicas diversas, inclusive aquelas historicamente associadas a homens, como a própria Sepog. Órgão com assento no Comitê de Gestão por Resultados e Gestão Fiscal de Fortaleza (Cogerffor) e um dos dez maiores orçamentos do Município. Satisfatoriamente, as propostas de campanha e o compromisso assumido pelo então candidato Evandro Leitão se traduziram em indicações de grandes gestoras em pastas estratégicas para os avanços que defendemos.
Na perspectiva de ocupar espaços de relevância política, estamos na vice prefeitura. Na lógica das áreas associadas a gestores homens pelo senso comum, estamos à frente da Guarda Municipal de Fortaleza e da Comissão de Licitação. E esses são só alguns exemplos dos órgãos comandados por mulheres na gestão.
De minha parte, novamente sendo a primeira mulher no cargo que ocupo, sigo honrando a possibilidade de desbravar esses espaços até então reservados a homens, lidando com a pressão que vem junto e contribuindo para que o pioneirismo e o "primeira mulher", vão se diluindo e virando o normal. Todas as conquistas importam.