Logo O POVO+
Christiane Leitão: Igualdade na advocacia e na sociedade
Opinião

Christiane Leitão: Igualdade na advocacia e na sociedade

O cenário da advocacia no Brasil ainda apresenta desafios significativos para as mulheres, do desequilíbrio na remuneração à a falta de oportunidades em espaços de liderança. O desrespeito, o silenciamento e os assédios moral e sexual também são práticas frequentes
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Christiane Leitão (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Christiane Leitão

A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE), pela primeira vez em 92 anos de história, tem uma mulher conduzindo seus rumos. Em todo o País, apenas 21 mulheres foram presidentes nas mais de nove décadas da Ordem. Esses dados mostram o quanto ainda precisamos percorrer na busca pela igualdade de gênero na advocacia - e na sociedade brasileira.

A nossa chegada à presidência da OAB-CE foi fruto de uma longa luta coletiva e, mais efetivamente, a partir de 2020, quando foi realizada a III Conferência Nacional da Mulher Advogada, em Fortaleza, que ajudou a estabelecer a paridade de gênero no Conselho Federal da OAB. No entanto, apesar dessa e de outras importantes conquistas, o cenário da advocacia no Brasil ainda apresenta desafios significativos para as mulheres, que vão desde o desequilíbrio na remuneração até a falta de oportunidades em espaços de liderança. O desrespeito, o silenciamento e os assédios moral e sexual também são práticas frequentes e refletem as violências enraizadas na nossa sociedade.

A OAB é uma instituição atenta a essas questões e classificou o assédio moral, o assédio sexual e a discriminação como infrações disciplinares graves, conforme a Lei nº 14.612/2023. Além de combater essas práticas, temos a convicção de que precisamos de políticas concretas para promover a igualdade de gênero e garantir que a voz das mulheres advogadas seja ouvida.

À frente da OAB-CE, nossa prioridade será implementar ações afirmativas de valorização da advocacia feminina, como o estímulo ao empreendedorismo e a oferta de mentorias e programas de qualificação que ampliem as oportunidades no mercado de trabalho, por meio da atuação da nossa Comissão da Mulher Advogada. Também temos o dever de contemplar as especificidades próprias ao exercício profissional da mulher advogada, da advogada gestante e da advogada mãe solo.

Vemos um futuro promissor, em que a presença feminina será cada vez mais marcante e decisiva na sociedade. O caminho é longo, mas o avanço das mulheres no cenário jurídico brasileiro é irreversível. Precisamos continuar trabalhando juntas para garantir que os espaços sejam ocupados de forma justa e equitativa.

 

O que você achou desse conteúdo?