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Jade Romero: Mulheres e a economia do cuidado
Opinião

Jade Romero: Mulheres e a economia do cuidado

Somos nós que cuidamos de nossos pais, filhos, amigos e companheiros. Ao mesmo tempo, queremos, podemos e precisamos de sucesso profissional. O resultado de tudo é, fatalmente, a desigualdade social, com um extra: a sobrecarga advinda de jornadas extenuantes
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Jade Romero

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Possivelmente, enquanto você lê esse artigo, alguma mulher - de forma remunerada ou não - desenvolve uma atividade que permite a você tempo livre para a leitura. Se você reconhece isso, já superamos uma grande questão: a da invisibilidade da economia do cuidado. Horas de trabalho dedicadas a crianças, idosos e outras atividades domésticas que, se mensuradas, representariam cerca de 16% do PIB mundial, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Ou seja, a economia se movimenta graças a essa força de trabalho, realizada, em sua maioria, cerca de 85%, por mulheres. Sem dúvida, uma força de trabalho grande assim precisa ser enxergada, mensurada e, sobretudo, valorizada. Diferente das relações formais que possuem limites semanais de horas trabalhadas, direito a descanso e férias, por exemplo, o cuidado é exercido somado a outras atividades diárias.

A psicanalista Vera Iaconelli usa o termo “guardiãs do cuidado” para falar sobre essa associação das mulheres ao papel de cuidadoras. Somos nós que cuidamos de nossos pais, filhos, amigos e companheiros. Ao mesmo tempo, queremos, podemos e precisamos de sucesso profissional. E o resultado de tudo é fatalmente a desigualdade social, com um extra: a sobrecarga advinda de jornadas extenuantes.

No Governo do Estado, sob a liderança do governador Elmano de Freitas, temos investido na criação de Centros de Educação Infantil, chegaremos a 100% das escolas estaduais em tempo integral e em medidas como cozinhas comunitárias, espaços públicos de convivência como brinquedopraças, praças e complexos mais infância, além de ações de fortalecimento da parentalidade. Essas são políticas que contribuem com a redução da sobrecarga sobre nós, mulheres.

À medida em que nós ocupamos mais espaços de poder, podemos construir políticas como estas, capazes de transformar a nossa realidade, trazendo a economia do cuidado para as discussões diárias, mas também para o centro de tomada de decisão no Governo. Essa preocupação, que atravessa diversas secretarias e políticas, também é tema de pesquisa do programa Cientista Chefe e pauta constante dos estudos do Ipece. Queremos possibilitar uma sociedade que se responsabilize pelo cuidado com o outro. E assim, nós, mulheres, possamos viver com mais dignidade, respeito, oportunidade e liberdade de escolha.

 

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