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Conceição Martins: Nenhuma violência contra a mulher pode ser tolerada
Opinião

Conceição Martins: Nenhuma violência contra a mulher pode ser tolerada

.Que possamos usar todos os nossos dias como momento de ação, de mudança, que o Poder Judiciário e Legislativo olhe para essas mulheres que sofrem com essa situação de violência e busquem soluções efetivas para isso
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Conceição Martins

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Todos os dias devemos falar sobre o combate à violência contra as mulheres. Eu, como advogada de família que luta pelos direitos de cada mulher que já chegou até mim com sequelas psicológicas e físicas devido à violência, tenho o dever de reforçar que nenhum tipo de violência contra a mulher pode ser tolerada. Mulheres precisam de suporte, rede de apoio e afeto. Não precisam de manipulação, julgamentos, tapas e violência patrimonial.

Apesar de saber que esse tipo de situação é enraizada no nosso país e que vem decorrente de um machismo estrutural, não há mais espaço para que possamos permitir isso. Trazendo para o âmbito do Nordeste, por exemplo, no ano de 2023, ao menos oito mulheres foram vítimas de violência doméstica a cada 24 horas. Os dados referem-se a oito dos nove estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança (BA, CE, MA, PA, PE, PI, RJ, SP).

Cito, com muito orgulho, a Lei Maria da Penha, que é um marco importante na proteção das mulheres e que permitiu que muitas advogadas garantissem o direito das suas clientes por meio dessa Lei. Mas somente a Lei Maria da Penha basta? Jamais. Precisamos encontrar mais formas de combater essa violência, seja com prevenção, através da promoção de campanhas educativas e do apoio do governo para intensificar os direitos das mulheres e, dessa forma, combater a violência de gênero. Devemos viver em uma sociedade que se preocupa e que está atenta a essa questão. Os jornais, rádios, TVs, precisam cada vez mais dar voz aquelas que lutam pelos direitos dessas mulheres.

Precisam também dar voz para mulheres que já passaram por essa situação e deram a voltar por cima. Afinal, é necessário também que haja um autoconhecimento e percepção das próprias mulheres que vivenciam situações de violência em casa e nada melhor que um exemplo de superação para demonstrar isso.

Que possamos usar essa luta não apenas como uma pauta pontual, como uma pauta apenas discursiva. Que possamos usar todos os nossos dias como momento de ação, de mudança, que o Poder Judiciário e Legislativo olhe para essas mulheres que sofrem com essa situação de violência e busquem soluções efetivas para isso. Chega de impunidade!

 

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