Golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, esses foram os crimes que a PGR denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal, em concomitância a mesma corte em decisão monocrática do Ministro Dias Toffoli anulou todos os atos da Lava Jato contra o réu confesso Antonio Palocci.
Se por um lado o Supremo tem uma missão ímpar de julgar a rigor o golpismo, na história recente tem mostrado as vísceras do esforço de Sísifo, fadado ao fracasso recorrente na sustentação da exitosa condenação. A busca pela "justiça imediata" muita das vezes pressionada pela atenção midiática onde prospera o ambiente de condenação pública sem que as garantias processuais sejam adequadamente seguidas nunca será o caminho, mas a Corte é ciente do crescente descredito que urge em torno das oscilações de entendimento que uma hora ou outra soa entre a impunidade e a perseguição. Celso Villardi, advogado de Bolsonaro quando questionando se pediria a anulação da delação de Mauro Cid afirmou: "se jurisprudência do julgamento do Collor influenciou o Brasil por 20 anos. Essa também vai influenciar."
Seguindo a linha de jurisprudências dos julgamentos citamos as ações heterodoxas que protagonizaram o ex-juiz Sergio Moro e ex-procurador Deltan Dallagnol. Deixados levar pela vaidade do horário nobre utilizavam o trabalho da força tarefa com objetivos nada republicanos, contudo, não apagam a existência dos graves crimes. Entretanto, pondera-se a perene sucessão dos fatos quanto ao que a justiça aprendeu até aqui. Por quanto tempo Jair Bolsonaro permaneceria recluso, caso viesse a ser condenado? O lapso temporal seria superior ou inferior de Lula e Palloci ? Para assim o mesmo sair dizendo inocentado pela Justiça, como outrora fizeram. E aqui não duvido de que os Ministros do Supremo almeje o bem, mas não precisamos de um herói togado, nossa sociedade vive uma procura doentia por mitos, já os temos muitos diria até que está aí nossa tragédia. O nosso cuidado maior deve ser afastar a vaidade da legalidade e isolar os holofotes do devido processo legal.