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André Figueiredo: Streaming e soberania cultural — O poder do audiovisual
Opinião

André Figueiredo: Streaming e soberania cultural — O poder do audiovisual

.Como relator do projeto de lei 8889, defendo que a regulamentação desse mercado é urgente, exigindo investimentos em conteúdo nacional e a presença de produções brasileiras em catálogos dos streaming
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André Figueiredo

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A inédita vitória do cinema brasileiro no Oscar, com "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, na categoria de Melhor Filme Internacional, é motivo de grande orgulho para nossa nação. Um feito que comprova a força do nosso cinema, levando nossas histórias e talentos cada vez mais longe.

Porém, em entrevista à BBC News Brasil, Salles destacou um desafio crucial: a falta de regulamentação das plataformas de streaming. Esse vácuo legal gera insegurança para os cineastas, dificultando financiamento e distribuição de obras nacionais, ameaçando a diversidade e a vitalidade do setor.

Como relator do projeto de lei 8889, defendo que a regulamentação desse mercado é urgente. A proposta, que já está no plenário da Câmara, busca regular as plataformas de streaming, exigindo investimentos em conteúdo nacional e a presença de produções brasileiras em seus catálogos. O objetivo é fortalecer nossa indústria cinematográfica e equilibrar o mercado.

Queremos um ambiente onde as gigantes do streaming e os produtores locais caminhem juntos. Quando essas empresas investem na cultura e na economia do país, garantindo que diversidade e representatividade sejam realidades vibrantes nas telas.

O impacto do audiovisual vai muito além do entretenimento e da cultura: ele é uma ferramenta poderosa de soft power, moldando a imagem de um país no cenário global e impulsionando setores como turismo, gastronomia e até exportação de outros produtos. A Coreia do Sul é um exemplo clássico desse fenômeno.

Na Europa, a regulação dos serviços de streaming busca fortalecer a produção audiovisual local e preservar a diversidade cultural. A Diretiva de Serviços de Comunicação Audiovisual da União Europeia exige que plataformas incluam uma cota mínima de produções europeias em seus catálogos e contribuam financeiramente para o setor.

Além disso, ao garantir recursos, incentivamos a formação de novos profissionais, a inovação e a competitividade internacional de nossas produções. O sucesso de "Ainda Estou Aqui" demonstra que podemos ir além.

A aprovação do PL 8889 será um marco para o audiovisual brasileiro. Esse é um passo crucial para fortalecer nossa cultura audiovisual e assegurar que talentos como Walter Salles, Fernanda Torres e tantos outros continuem a brilhar no cenário internacional.

 

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