Cinco anos após, números irrefutáveis da maior pandemia viral do século nos obrigam à reflexão. Foram 715.295 mortes por Covid-19 no Brasil, 28.215 no Ceará, quase 40 milhões de casos com muitos sequelados. Poderíamos ter feito melhor? Certamente.
Enfrentamos dois vilões: o SARS-CoV-2 e, não menos letal, a maior pandemia de desinformação da história. Vencemos o vírus, graças à ciência, tecnologia e inovação, que nos proporcionaram vacinas eficazes e seguras, além de avanços fundamentais como novas terapias de suporte respiratório, a exemplo do nosso capacete Elmo. O SUS foi mobilizado em todas as frentes. Sem ele, o cenário seria ainda mais catastrófico.
Por outro lado, perdemos centenas de milhares de vidas para o negacionismo científico, o extremismo político e a insensatez do governo federal entre 2020 e 2022. Estima-se entre 300 e 400mil os óbitos evitáveis se o presidente da república houvesse priorizado a imunização em massa e não o oposto. Fomos bombardeados por uma onda sem precedentes de mentiras e ódio, disseminados pelas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Já não somos os mesmos, mas aprendemos de fato? A desmobilização de recursos físicos e humanos e a descontinuação de iniciativas inovadoras no sistema de saúde mostram que não. O SUS segue subfinanciado, com gestão limitada e sem a transformação digital necessária. Persistem falhas na política de recursos humanos. É quase certo que novas pandemias nos atinjam.
A "Doença X", termo cunhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma ameaça real — não sabemos quando virá, nem como será. E, no entanto, seguimos desperdiçando as duras lições da pandemia.
Enquanto isso, as redes sociais de mentiras seguem firmes, o movimento antivax que o diga. A esperança reside nas pessoas e nas instituições que fazem a defesa intransigente da verdade, do conhecimento, da solidariedade. Esses sim, os verdadeiros guardiões da civilidade e da democracia, que nos inspirem e nos guiem, no presente e no futuro.