Vivemos em um mundo cada vez mais globalizado, onde a conectividade digital avança rapidamente, mas a integração física de pessoas e mercadorias ainda enfrenta desafios significativos. No Brasil, mais de 97% das exportações e importações passam pelos portos, o que evidencia a necessidade de aprimorar nossa infraestrutura portuária.
Os portos brasileiros estão em processo de transformação, com a intensificação dos arrendamentos de áreas coordenados pela ANTAQ e pelo Ministério de Portos e Aeroportos. Esse movimento visa consolidar o modelo "land lord", inspirado na experiência europeia, que atrai recursos privados e fortalece os investimentos necessários. Contudo, apenas os arrendamentos não garantirão a excelência operacional. É fundamental aplicar estrategicamente esses recursos para alcançar padrões internacionais de eficiência.
A adoção do conceito de Porto 4.0 é essencial para elevar nossos portos a um novo patamar. Isso inclui medidas como a eletrificação por meio de energia limpa e barata para atender embarcações atracadas e terminais, utilizando usinas próprias e o mercado livre. Também é preciso adaptar a infraestrutura para combustíveis alternativos de baixo carbono, como GNL, hidrogênio verde e biocombustíveis, garantindo abastecimento seguro e eficiente.
A digitalização das operações portuárias, com tecnologias como IoT, IA, blockchain e gerenciamento marítimo inteligente (VTMIS), otimizará a logística, reduzindo congestionamentos e minimizando emissões. Além disso, é imprescindível fomentar o transporte multimodal sustentável, integrando ferrovias, hidrovias e caminhões elétricos ou híbridos para diminuir a dependência do transporte rodoviário tradicional.
A regulamentação de práticas sustentáveis, alinhada a modelos já adotados pela Comunidade Europeia, deve incluir exigências de certificações ambientais, como a ISO 14001 e o programa ESI (Environment Ship Index). Dessa forma, o Brasil terá portos mais competitivos, atraindo investimentos e gerando emprego e renda, enquanto conecta pessoas e mercadorias com eficiência e sustentabilidade.
Essa transformação exige inovação e gestão proativa para consolidar um modelo moderno e sustentável, capaz de impulsionar o comércio internacional e fortalecer nossa economia. Esse é o tipo de Porto que precisamos.