O Ceará tem 90% de seu território coberto pela Caatinga, bioma que predomina em todos os seus municípios. Dadas as peculiaridades desse bioma, recuperar áreas que tiveram a vegetação suprimida é crucial para proteger fontes de água e combater a desertificação. E isso pode ser feito com produção de alimentos e geração de empregos.
Por meio de sistemas agroflorestais (SAFs), é possível replantar mais de 15 mil hectares de vegetação nas beiras de rios que passam por assentamentos da reforma agrária, no estado. SAFs, integrando culturas agrícolas e vegetais, são técnicas de recuperação autorizadas pelo Código Florestal.
Segundo dados do Instituto Escolhas, apenas em assentamentos federais, essa recuperação pode produzir 3,6 milhões de toneladas de alimentos e gerar 66,4 mil empregos, além de remover 2,5 milhões de toneladas de gás carbônico da atmosfera. As agroflorestas, além disso, protegeriam os cursos d'água contra erosões, amenizariam a temperatura local e contribuiriam para o armazenamento da água no solo.
Ainda de acordo com o Escolhas, o investimento necessário para a empreitada soma R$ 1,33 bilhão ao longo de 30 anos. Em compensação, a receita líquida chega a R$ 3,78 bilhões, quase três vezes o valor investido. Para os três primeiros anos, são necessários R$ 317 milhões, pouco mais de R$ 100 milhões ao ano.
Vale lembrar que o Banco do Nordeste mais que triplicou o dinheiro destinado à recuperação de áreas degradadas na região, elevando para R$ 100 milhões a rubrica para financiamento de projetos desse tipo pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) em 2025.
O Ceará pode contar, ainda, com a ação do Instituto de Desenvolvimento Agrário (Idace) e sua experiência na implementação de projetos em áreas rurais e de promoção de melhorias na produtividade do campo. Assim, o estado reúne todas as condições para recuperar as margens dos rios dos assentamentos, produzindo alimentos e empregos, enquanto combate a seca e protege a Caatinga.