O processo de transição energética global, que é irreversível e imprescindível a todos, com vistas à descarbonização e ao favorecimento das energias renováveis, vem enfrentando novos e inconvenientes desafios. O principal deles, talvez, seja a guinada de retrocessos capitaneada pelos EUA, cuja nova postura de incentivos à retomada da exploração de fontes poluentes vai na contramão da busca pela chamada neutralidade climática.
Porém, para que possamos resistir e até mesmo reagir a este novo momento, transformando a crise em oportunidades, precisamos, em primeiro lugar, fazer o nosso dever de casa. Aqui, novos desafios também surgem a cada dia - ou são agravados com o tempo. Atualmente, o mais prejudicial deles está no descompasso entre a geração, a transmissão e a distribuição de energia no País.
O que antes era um diferencial de oportunidades, a interligação de todas as macrorregiões do País tornou-se um gargalo, prejudicando o nosso desenvolvimento e afetando, agora, de maneira mais contundente, o setor eólico. Somente em 2024, o prejuízo causado pelas restrições de escoamento aos geradores de energias renováveis, o chamado ‘curtailment’, chegou a mais de um bilhão de reais, afetando, principalmente, a Região Nordeste.
Precisamos, portanto, unir esforços para formatarmos uma política de Estado nacional que mantenha o progresso do setor de energias renováveis, garantindo mais linhas de transmissão e, consequentemente, o escoamento da energia produzida no Nordeste para as áreas de maior demanda, equilibrando essa balança e diversificando ainda mais a matriz energética do País. E a indústria eólica é fundamental para a manutenção do equilíbrio no setor.
Recordo, ainda, o grande potencial da eólica offshore. Mas, como se dará esse investimento no mar, se a produção em terra já enfrenta problemas? Carecemos de uma estratégia de longo prazo, políticas públicas que garantam a continuidade dessa expansão, com incentivos governamentais e uma infraestrutura adequada de transmissão que aproveite todo o nosso potencial. Seguiremos atentos a essa pauta junto aos responsáveis por contornar esse cenário.