Na celebração da noite da misericórdia (21/04), na paróquia jesuíta Cristo Rei, Padre Eugênio me convidou a fazer uma reflexão e lançar uma novena. Na dinâmica própria dessa oração contemplativa, tínhamos o motivo da Páscoa e a circunstância da despedida do papa Francisco. Estamos tristes, mas também agradecidos pelas graças de seu pontificado.
Primeiro papa ordenado padre depois do concílio Vaticano II, 1º jesuíta eleito papa, 1º papa latino-americano, 1º a escolher o nome de Francisco. Assim, ele foi pioneiro em muitos aspectos, mas sempre fiel ao concílio que abriu as portas da igreja, na perspectiva da reforma, da renovação e da atualização.
O Papa Francisco, por um lado, propôs um igreja em saída para as periferias geográficas e existenciais; por outro, promoveu um espírito de acolhida das pessoas, independentemente de raça, gênero, religião, etc. Além de sínodos, encontros, documentos, palavras e atitudes, ele propôs um caminho entre dois jubileus: da Misericórdia (2016) à Esperança (2025).
E, nesse contexto do mundo pós-pandemia, o Papa Francisco lançou uma autobiografia que não poderia ter outro título, uma espécie de testamento: Esperança!
Essa virtude cristã, no entanto, não vem do verbo esperar, mas esperançar (P. Freire), pois significa levantar-se, não desistir, enfim, ressuscitar depois de cada experiência de morte. Se a oração é uma boa pedagogia, as novenas são formas orantes ao alcance de todos. E, como o nosso saudoso papa valorizava muito a devoção popular, criamos a novena dos Sete Sonhos de São José (2024) e, agora, a Novena da Esperança (Loyola/Paulinas, 2025).
Trata-se de uma pedagogia da gestação da esperança: rezar, mensalmente, durante 9 meses, com Maria, aquela que acreditou e deu a luz à esperança do mundo. A devoção a Nossa Senhora da Esperança nasceu no ano 930 (França), antes do cisma Oriente/Ocidente e antes da divisão católicos/protestantes.
Concluo, com as palavras do Papa Francisco, na bula do jubileu (Spes non confundit): “A esperança encontra, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais elevada. Nela vemos como a esperança não é um efêmero otimismo, mas dom de graça no realismo da vida”. Assim seja!