queda da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, na divisa entre Tocantins e Maranhão, no final do ano passado, não pode ser vista como um evento isolado. Ela é, na verdade, um retrato trágico da negligência com a manutenção preventiva de pontes e viadutos em todo o Brasil. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), mais de 60% das pontes federais apresentam algum grau de comprometimento estrutural, muitas delas exigindo reparos urgentes.
Estruturas desse porte demandam monitoramento constante, considerando tanto fatores geotécnicos quanto estruturais. Alterações no solo, como erosões e variações no nível do lençol freático, podem comprometer a fundação das pontes. Já nas superestruturas, a corrosão de materiais, fissuras e fadiga dos elementos são problemas que se agravam pela falta de inspeções regulares e intervenções regulares. Sem esses cuidados, pequenas falhas evoluem para colapsos, colocando vidas em risco.
O descaso histórico com a infraestrutura brasileira é evidente. Apesar de alertas recorrentes de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o próprio DNIT, o investimento em manutenção preventiva ainda é irrisório quando comparado às necessidades reais. Estudos apontam que o custo da manutenção é significativamente menor do que o da reconstrução, além de evitar tragédias humanas e econômicas.
A omissão do poder público em priorizar a conservação de pontes reflete uma gestão reativa, que só age após os desastres. É urgente a implementação de programas permanentes de monitoramento e manutenção, com o uso de tecnologias modernas, como sensores de desgaste e drones para inspeções, além de capacitação de equipes técnicas.
A tragédia da ponte Juscelino Kubitscheck não pode ser mais uma estatística esquecida. Ela deve ser um divisor de águas para que o país priorize a segurança de suas infraestruturas e proteja a vida de seus cidadãos.