A recente eleição do cardeal Prevost (Papa Leão XIV), nesta quinta-feira (8 de maio), é um momento de suma importância para a Igreja Católica. Proveniente dos EUA, Leão XIV assume o papado em um contexto de tensões globais. Um dos maiores desafios do seu pontificado, certamente, será avançar na reconciliação com as Igrejas Ortodoxas. Essa aproximação não é apenas desejável, mas necessária para a unidade cristã e a credibilidade do testemunho evangélico em um mundo fragmentado.
O Cisma de 1054 separou as Igrejas do Ocidente e do Oriente, e aprofundou divergências teológicas, notadamente após o Concílio Vaticano I. O século XX promoveu o diálogo, no encontro entre Paulo VI e Atenágoras, em 1964, que revogou as excomunhões mútuas, e nos esforços de reaproximação de João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Francisco, amigo de Bartolomeu I, promoveu gestos históricos, como a peregrinação conjunta a Jerusalém, em 2014, e discussões sobre uma data comum para a Páscoa, reforçando a fraternidade entre as Igrejas.
Leão XIV é herdeiro desse legado. A reconciliação exige superar desconfianças históricas com gestos concretos. A comemoração dos 1.700 anos do Concílio de Niceia em 2025, possivelmente em maio ou junho, período histórico associado ao Concílio, é oportunidade única para alcançar a unidade, como planejado por Francisco e Bartolomeu I.
A unidade cristã não é apenas uma aspiração espiritual, mas uma necessidade prática em um mundo marcado por secularismo e conflitos. Leão XIV, com sua formação moderada e sensibilidade pastoral, pode construir pontes, inspirando-se no exemplo de humildade e diálogo de seus predecessores. A reconciliação com as irmãs na ortodoxia fortalecerá a Igreja e a cristandade, no Ocidente e no Oriente, em uma missão comum de paz e justiça.