Sete trabalhadores humanitários que distribuíam ajuda alimentar na sitiada Faixa de Gaza foram mortos em bombardeio. Israel assumiu, nesta terça-feira, 2, a responsabilidade , mas afirmou ter sido um incidente "não intencional" e prometeu investigá-lo.
A organização World Central Kitchen (WCK) do chef hispano-americano José Andrés, para a qual trabalhavam as vítimas do bombardeio, anunciou a suspensão das ações no território palestino.
As vítimas eram da "Austrália, Polônia, Reino Unido, uma com dupla nacionalidade dos Estados Unidos e Canadá, e Palestina", detalhou a WCK, uma das poucas ONGs ainda presentes em Gaza depois de quase seis meses de guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas.
"Infelizmente ontem (segunda) ocorreu um incidente trágico, as nossas forças atingiram de forma não intencional pessoas inocentes na Faixa de Gaza", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
"São coisas que acontecem numa guerra (...), estamos em contato com os governos e faremos tudo o possível para que isso não aconteça novamente", acrescentou, referindo-se ao bombardeio em Deir al Balah, no centro Gaza.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, apresentou suas "desculpas" pela morte dos trabalhadores humanitários.
Herzog falou com o fundador da WCK, a quem "expressou sua própria tristeza e suas sinceras desculpas pela morte trágica da equipe da WCK", informou a Presidência israelense em comunicado, acrescentando que o mandatário "dirigiu suas condolências às famílias e amigos" das vítimas.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, exigiram uma investigação "rápida e imparcial" sobre o ocorrido, disse o secretário de Estado, Antony Blinken.
A Casa Branca afirmou estar "indignada" e indicou que transmitirá "uma mensagem clara a Israel de que os trabalhadores humanitários devem ser protegidos".
O governo britânico convocou o embaixador israelense para expressar "condenação inequívoca" pelo ocorrido. Na Polônia, o vice-ministro das Relações Exteriores, Andrzej Szejna, disse que Israel deveria "indenizar" as famílias das vítimas.
Na ONU, Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral, denunciou o "desprezo" pela segurança dos trabalhadores humanitários na guerra de Gaza.
O território palestino, confrontado com uma ofensiva aérea e terrestre e com um rigoroso bloqueio israelense, vive uma grave situação humanitária, com seus 2,4 milhões de habitantes em risco de fome, segundo a ONU.
A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas de Gaza mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo uma contagem baseada em dados israelenses.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva para "aniquilar" o Hamas, que até agora causou 32.916 mortes, a grande maioria delas civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do governo do grupo islamista em Gaza.