O ataque limitado ao Irã, atribuído a Israel, sugere que os dois arqui-inimigos poderiam procurar uma desescalada, embora as relações entre os dois sejam explosivas, dizem os especialistas.
A comunidade internacional teme que décadas de tensões entre Israel e a República Islâmica se transformem em confronto direto, tendo como pano de fundo a guerra entre o Exército israelense e o movimento islamista palestino Hamas, apoiado por Teerã, na Faixa de Gaza.
Nesta sexta-feira, o Irã parecia querer atenuar a situação, salientando que o suposto ataque israelense não envolveu mísseis e que as instalações nucleares estavam seguras.
"Parece que estamos em um ponto em que ambos os lados procuram romper o atual ciclo de escalada, com Israel executando um ataque muito limitado para demonstrar que respondeu aos ataques iranianos, e Teerã rapidamente minimizando o incidente para não ser forçado a responder", analisou Julien Barnes-Dacey, do Conselho Europeu de Relações Internacionais, um think tank.
Hasni Abidi, do Centro de Estudos e Pesquisa sobre o Mundo Árabe e Mediterrâneo, com sede em Genebra, sublinhou que os dois ataques iranianos e israelenses foram "quase simétricos", o que poderá levá-los a pensar que podem deixar por isso mesmo.
"O ataque israelense atingiu uma base aérea que havia sido usada como plataforma para lançar mísseis e drones contra Israel na semana passada", disse. E "os israelenses tiveram o cuidado de não atingir posições nucleares importantes na mesma província, em Isfahan", acrescentou.
A situação pode apaziguar Teerã, que "não tem interesse em que esta tensão continue", uma vez que a sua "prioridade absoluta" é continuar com o seu programa nuclear, essencial para a sobrevivência do regime, indicou este especialista em Oriente Médio.
Durante o ataque a Israel, o Irã também foi capaz de avaliar "as capacidades de defesa aérea de Israel", acrescentou.