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Qual a chance de uma guerra total
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Qual a chance de uma guerra total

Apesar dos focos de conflito pelo mundo, interesses pesam contra guerra generalizada mesmo em escala regional
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Esta foto tirada da fronteira sul de Israel com a Faixa de Gaza mostra o tanque de guerra do exército israelense posicionado ao longo da fronteira com o território palestino em 19 de março de 2024, em meio ao conflito em curso entre Israel e o grupo militante Hamas.
 (Foto: JACK GUEZ/AFP)
Foto: JACK GUEZ/AFP Esta foto tirada da fronteira sul de Israel com a Faixa de Gaza mostra o tanque de guerra do exército israelense posicionado ao longo da fronteira com o território palestino em 19 de março de 2024, em meio ao conflito em curso entre Israel e o grupo militante Hamas.

Guerras e conflitos são realidade em diversos pontos do mundo. O exemplo mais fresco na memória é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de dois anos. Outra prática, mais comum na atualidade, são as chamadas guerras por procuração. Quando Estados utilizam de intermediários, apoiando determinados grupos e financiando os conflitos de forma a não lutarem diretamente entre si, para garantir os próprios interesses regionais.

No Oriente Médio, o capítulo mais novo do combate entre Israel e o grupo palestino Hamas é um exemplos. O Irã é frequentemente apontado por ligações com grupos como o próprio Hamas, além do Hezbollah, no Líbano, e dos Houthis, no Iêmen. Mas até que ponto conflitos locais podem gerar hostilidades em maior escala?

Lucas Leite, doutor em Relações Internacionais, crê ser "pouco provável" que esses conflitos localizados desencadeiem guerras maiores. "Conflitos em larga escala são possíveis? Sim. Mas não diria que em escala total, como muitos chamam de 'Terceira Guerra Mundial'. Não acredito numa guerra aberta, numa guerra total. É improvável porque os custos políticos, econômicos e sociais para os atores envolvidos seriam enormes".

O especialista defende que democracias e mesmo países que não são necessariamente democracias não teriam interesse numa guerra total. Leite cita inclusive o caso da Rússia, que, embora esteja em guerra com a Ucrânia há mais de dois anos, segue utilizando métodos convencionais para não escalar o conflito. "Não há em momento algum utilização de armas estratégicas, nucleares, porque desencadearia uma escalada muito grande. Muitos dos conflitos de hoje são menos estatais e mais com atores não estatais, como o Hezbollah, o Hamas, os Houthis e as guerras civis na África. Rússia e Ucrânia são um caso fora da curva", aponta.

Mesmo sobre atritos regionais, Lucas julga ser improvável que desencadeiem algo generalizado. "No Oriente Médio, por exemplo, Israel perderia muito com um conflito na região" predominantemente ocupada por países e grupos que veem o Estado judeu como pária. "Mesmo o principal aliado de Tel Aviv, os Estados Unidos, já falaram que não participariam de ações no caso de um eventual ataque de Israel ao Irã".

O analista internacional Uriã Fancelli reforça que cada guerra ou conflito tem seu "motivo específico" para acontecer, mas destaca pontos em comum entre os episódios mais recentes: a presença de potências mundiais e, por vezes, do autoritarismo.

"A guerra na Ucrânia tem uma superpotência (militar) envolvida, liderada por um autoritário com interesse próprio, que é o presidente russo Vladimir Putin. Quando olhamos para a tensão entre China e Taiwan existe um líder autoritário, Xi Jinping, que tem seus interesses e se perpetua no poder. O regime iraniano que ajudou a escalar a guerra entre Israel e Hamas, é uma potência média e um país autoritário (Teocracia)", elenca Uriã.

E segue: "Esses interesses de autoritários, que pintam a via do conflito armado como única maneira de se resolver essas questões, acabam engajando esses países em guerras e conflitos. O autoritarismo está ligado ao forjamento dessas guerras, que dão pretextos e servem como argumento para esses líderes, inclusive, se perpetuarem no poder".

 

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