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Vereadores: eles podem decidir a eleição para prefeito
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Vereadores: eles podem decidir a eleição para prefeito

| LEGISLATIVO | Vereadores estarão nas próprias campanhas para se elegerem, mas podem ser decisivos para definir o prefeito
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. (Foto: CARLUS CAMPOS)
Foto: CARLUS CAMPOS .

Na última semana, a votação de empréstimo de R$ 425 milhões explicitou a nova correlação de forças na Câmara Municipal. A base do prefeito José Sarto (PDT) está menor, mas segue maioria, com 24 vereadores. A oposição cresceu, tem 19 parlamentares, mas é dividida em grupos tão distintos quanto PT e PL, e ainda tem o Psol. Na discussão, uma das mais enfáticas defesas do prefeito coube ao vereador Adail Júnior que, na semana anterior, tinha feito cobranças duras a Sarto.

Quem está na Prefeitura depende dos vereadores, assim como os parlamentares também precisam do prefeito. Os interesses acabam convergindo. Eles são fundamentais na gestão, mas também na campanha para o Poder Executivo.

Em Fortaleza, tradicionalmente o grupo que ocupa a Prefeitura faz a maior bancada na Câmara Municipal, mesmo quando o candidato de situação perde a eleição. Em 2016, Roberto Cláudio (PDT) se reelegeu e só o PDT fez 11 vereadores. Em 2020, José Sarto (PDT) se elegeu prefeito e a sigla repetiu a maior bancada, desta vez com dez nomes. Isso sem citar parlamentares de outras siglas que compunham o arco de alianças naquelas eleições.

Em 2012, Luizianne Lins (PT) não elegeu o sucessor, mas a base dela elegeu a maioria dos vereadores — ainda que eles tenham logo aderido ao novo prefeito. Em 2004, o candidato de Juraci Magalhães foi só o quinto colocado, mas o PMDB do então prefeito saiu como maior bancada.

Essas bases, se engajadas, têm papel central nos cálculos político-eleitorais para o ciclo da gestão. Monalisa Torres, analista política e professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), destrincha a relevância dos vereadores e candidatos no pleito.

"Vereadores e candidatos a vereador são importante instrumento para capilarizar as campanhas. O palanque dos candidatos a prefeito não chega da mesma forma a todos os bairros e parcelas do eleitorado, quem cumpre esse papel são os candidatos a vereador. Se o prefeito ou candidato a prefeito está desgastado por algum motivo, como será que esse vereador vai levar esse apoio e servir de palanque em determinadas zonas?", indaga.

Especialistas ouvidos pela reportagem reforçam o atrativo das máquinas públicas. "No caso dos vereadores é uma forma de fomentar a reciprocidade, um retorno para conseguir se eleger novamente. Estar ao lado da prefeitura formando essa maior bancada maximiza a visibilidade, o poder", avalia Paula Vieira, professora e pesquisadora vinculada ao Laboratório de Pesquisas sobre Eleições, Política e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem-UFC).

Para o prefeito Sarto, o rompimento da base aliada faz com que o apoio dos vereadores seja a grande arma política com a qual entra na campanha. Mas, o peso desse apoio dependerá da expectativa de vitória.

"A depender da popularidade do prefeito, o vereador vai montar uma campanha mais forte e sugerir voto casado? Ou vai fazer um apoio mais frágil e menos explícito? Vimos isso recentemente com deputados, fazendo suas campanhas, mas se abstendo para apoiar o candidato a governador", lembra sobre 2022.

Para o PT, a recente disputa interna pode ser determinante na postura dos pré-candidatos. "O processo de tensionamento em torno da candidatura me faz pensar até que ponto isso pode promover rupturas. O partido vai estar coeso? Os candidatos a vereador estarão engajados? Até que ponto o grupo de Luizianne vai se engajar pela candidatura de Evandro Leitão?", pondera.

Para quem não tem apoio de máquinas, o trabalho ocorre por outras vias. "A oposição vai ser um pouco mais ideológica, de marcar mais posicionamentos de enfrentamento com pautas específicas. A oposição, que não tem a máquina, busca se aproximar ainda mais das pessoas que são lideranças territoriais", pontua Paula Vieira.

A pesquisadora sinaliza que todos os atores políticos envolvidos no pleito buscam essa aproximação, mas que no caso da oposição a tática é primordial.

"Há uma oposição que quer ganhar espaço em outras vias (além da ideológica) e pode, além de pegar uma pauta única e investir nela como forma de ter visibilidade, buscar essa entrada a partir de uma liderança mais de base territorial. É comum, nessa época, ver enfrentamentos envolvendo o apoio dessas lideranças que vão pender para determinados candidatos a vereador".

 

Para que servem os parlamentares

Tradicionalmente o eleitorado tem mais conhecimento e proximidade com assuntos que envolvem o Poder Executivo. Prefeitos, governadores e presidente da República têm, naturalmente, mais visibilidade se comparados aos cargos no Poder Legislativo. Em 2024, além da eleição para prefeituras, vereadores serão eleitos para um mandato de quatro anos.

A difusão na sociedade das funções e prerrogativas de um vereador é ainda um desafio a ser superado pelo sistema político brasileiro. É comum que eleitores não tenham clareza sobre qual o papel dos vereadores no cenário político e até que ponto eles têm autonomia para agir ou mesmo fazer promessas de campanha em ano eleitoral.

Basicamente os parlamentares municipais têm duas funções primordiais e pré-definidas. Legislar (propor leis, alterar leis vigentes, promover emendas a projetos) e fiscalizar as ações das Prefeituras. O parlamentar deve ouvir as demandas da população a fim de ser um canal entre o povo e a gestão municipal.

O vereador é, portanto, um propositor de ideias e um fiscalizador do trabalho do prefeito da cidade na qual foi eleito. Da mesma forma, o eleitor deve ter em mente que é um propositor e um fiscalizador do trabalho do próprio vereador.

Cabe aos vereadores fiscalizar contas das prefeituras, execução de obras, promover debates públicos sobre determinados temas, dentre outras ações. O salário da categoria segue uma lógica própria, podendo variar entre 20% e 75% do salário de um deputado estadual, dependendo da população da cidade. A categoria também é quem dá a palavra final sobre aprovação ou rejeição das contas da gestão municipal.

No Ceará, essa função é realizada com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que elabora um parecer, cabendo aos vereadores aprová-lo ou rejeitá-lo.

Qual vereador está de qual lado

Grupo ligado ao PDT (pré-candidato à reeleição José Sarto)

  1. Adail Jr (PDT)
  2. Ana Aracapé (Avante)
  3. Carlos Mesquita (PDT)
  4. Cláudia Gomes (PSDB)
  5. Didi Mangueira (PDT)
  6. Diógenes Madeira (PRD)
  7. Dr. Luciano Girão (PDT)
  8. Emanuel Acrízio - Avante
  9. Fábio Rubens (PDT)
  10. Gardel Rolim (PDT)
  11. Germano He-Man (Mobiliza)
  12. Iraguassu Filho (PDT)
  13. Jorge Pinheiro (PSDB)
  14. José Freire (PDT)
  15. Kátia Rodrigues (PDT)
  16. Lúcio Bruno (PDT)
  17. Marcelo Lemos (Avante)
  18. Pedro Matos (Avante)
  19. Paulo Martins (PDT)
  20. PP Cell (PDT)
  21. Professor Enilson (Cidadania)
  22. Raimundo Filho (PDT)
  23. Veríssimo Freitas (Agir)
  24. Wellington Sabóia - Podemos

Grupo de partidos com ligação com o Governo do Estado (pré-candidato Evandro Leitão)

  1. Ana Paula - PSB
  2. Bruno Mesquita - PSD
  3. Cônsul do Povo - PSD
  4. Danilo Lopes - PSD
  5. Dr. Vicente - PT
  6. Estela Barros - PSD
  7. Eudes Bringel - PSD
  8. Júlio Brizzi - PT
  9. Léo Couto - PSB
  10. Professora Adriana Almeida - PT
  11. Ronaldo Martins - Republicanos
  12. Ronivaldo - PSD
  13. Tia Francisca - PSD

Grupo ligado ao PL (pré-candidato André Fernandes)

  1. Inspetor Alberto - PL
  2. Julierme Sena - PL
  3. Priscila Costa - PL

Grupo ligado ao União Brasil (pré-candidato Capitão Wagner)

  1. Marcio Martins - União Brasil

Grupo ligado à federação Psol/Rede (pré-candidatura de Técio Nunes ou Cindy Carvalho)

  1. Adriana Nossa Cara (Psol)
  2. Gabriel Aguiar (Psol)
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