Logo O POVO+
"Revolucionárias": paralelos entre Joana D'arc e a brasileira Maria Quitéria
Politica

"Revolucionárias": paralelos entre Joana D'arc e a brasileira Maria Quitéria

"Até que ponto a sociedade que proíbe, de certa forma, deseja a subversão feminina?", questiona autora
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
A francesa Joana Darc e a brasileira Maria Quitéria são focos de livro de Isabelle Anchieta (Foto: Albert Lynch/Domenico Failutti/Domínio Público)
Foto: Albert Lynch/Domenico Failutti/Domínio Público A francesa Joana Darc e a brasileira Maria Quitéria são focos de livro de Isabelle Anchieta

De períodos históricos e localizações geográficas diferentes, a francesa Joana Darc e a brasileira Maria Quitéria são unidas por algumas características em comum, dentre elas o rompimento dos impasses culturais e a luta por uma utopia nacional. Essa é a premissa do livro "Revolucionárias", da socióloga Isabelle Anchieta, lançado em abril.

A obra é dividida em duas partes, cada uma focando em uma das heroínas. Mais do que a narração da história, é levantado ainda o questionamento sobre a própria revolução dessas mulheres, com a pergunta: "Até que ponto a sociedade que proíbe, de certa forma, deseja a subversão feminina?".

Segundo a autora, na introdução, Joana Darc e Maria Quitéria se distinguem mais do que muitos homens que lutaram ao lado delas. Enquanto a primeira ofuscou os demais cavaleiros e o rei da França, quando se pensa na Guerra dos Cem Anos, Maria Quitéria foi o único soldado reconhecido ainda em vida pelo imperador Dom Pedro I.

O paradoxo estaria neste ponto. "A sociedade que cria controles do feminino é a mesma que autoriza o desvio de algumas mulheres, quebrando, de tempos em tempos, as regras por ela impostas. Seus efeitos podem parecer esporádicos e temporários, mas reverberam no tempo, ecoam", escreve Isabelle Anchieta.

Para a construção do livro, foram realizadas pesquisas documentais e de campo. Foram quase dois anos de estudos, em diversas cidades, museus, arquivos na França e no Brasil, por onde passaram as figuras históricas. No entanto, o intuito não é uma "rememoração histórica", mas sim uma análise sociológica.

"Entrelaço esses conhecimentos como meios para abrir reflexões sociológicas atuais e pertinentes, usando as imagens como guias, ainda que traiçoeiras", cita Anchieta.

Dentre os temas discutidos, com base nas biografias, está a polarização social, o nacionalismo, a religião, a estereotipização dos outros, a intolerância, as disputas por reconhecimento, as contradições nas relações entre homens e mulheres, a liderança carismática, a expressão de si e o heroísmo (imperfeito).

Breve resumo sobre as revolucionárias

Joana Darc é hoje canonizada. Ela integrou o exército francês aos 17 anos acarretando um período um notável sucesso para França, na Guerra. Foi capturada em maio de 1430, aos 18 anos, pelo exército anglo-borgonhês. Em 1431, foi levada para julgamento e morta, acusada de bruxaria e heresia.

Já a baiana Maria Quitéria foi a primeira mulher a assentar praça numa unidade militar das Forças Armadas Brasileiras e a primeira mulher a entrar em combate pelo Brasil, em 1823. Dentre os feitos, ela teria se vetsido de homem, chamada de 'soldado Medeiros', para participar das lutas independentistas em seu Estado.

SERVIÇO 

Revolucionárias: Joana d'Arc e Maria Quitéria

Autora: Isabelle Anchieta

Editora: Planeta

Páginas: 336

O que você achou desse conteúdo?